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Laerte Braga

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Livre expressão

Cunha - a última flor do Lácio

Laerte Braga - Publicado: Domingo, 31 Mai 2015 11:33

A língua portuguesa tem características interessantes. Muitas vezes o sim quer dizer não e o não quer dizer sim. Cunha no sentido de moldar um objeto, por exemplo. Ou cunha, algo próximo de um pé de cabra, instrumento preferido dos arrombadores para abrir portas em residências alheias.


Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Molda o País ao sabor dos interesses de empresas e grupo religioso que representa. Arromba a Constituição e o Regimento Interno da Casa, quando faz votar a mesma matéria num só período legislativo. Falo do financiamento de campanhas eleitorais. O deputado, numa só noite, demonstrando o que será o shopping que fez aprovar duas semanas antes, inaugurou a loja de benesses para mudar o voto de setenta e um deputados.

Ao contrário de Severino Oliveira, eleito presidente da Câmara em tempos passados e incapaz de ter o comando do plenário e das comissões, Eduardo Cunha sabe manejar os instrumentos que o cargo que ocupa lhe concede e tem absoluto controle de deputados corruptos, direita, no projeto de transformar a Câmara num bunker para proteger bandidos.

E nem mesmo a vaidade, que é extrema, o faz vacilar nos seus propósitos. Ou tampouco os olhos que demonstram um tresloucado, que um dia foi carregador da pasta de Paulo César Farias, o PC Farias, elemento chave na derrocada do governo Collor de Mello.

Eduardo Cunha foi denunciado na operação LAVA JATO como sendo autor intelectual de requerimentos que se prestavam a achacar empresas. As que se recusavam a pagar propinas nos contratos com o Governo Federal. Quer votar uma lei que proíbe a recondução do Procurador Geral da República. Foi incluído por Janot no rol dos que vão responder ao processo. Mais que isso, quer levar para instâncias inferiores os processos contra deputados, tirando-os da alçada do Supremo Tribunal Federal.

Faz a alegria dos tucanos, dos chamados democratas do DEM, dos "socialistas" do partido de Roberto Freire e cobre as bancadas evangélica e ruralista de todas as proteções possíveis.

A reforma política virou uma pândega, não fosse o seu caráter trágico para o Brasil. Nos moldes que Cunha a esta cunhando, eleições viram uma farsa, para sacramentar um estado permanente de corrupção e retrocessos.

Tem uma legião de carneiros ávidos de bons contratos e beiradas nas propinas, a chamada representação popular em tudo, menos popular.

É e isso não é novidade, uma grave ameaça ao processo democrático. Ele e seu rebanho.

É evidente que os partidos de esquerda, o próprio PT, que começa a dar sinais de insatisfação, tenham receios justificados aos rumos do governo de Joaquim Levy e sua assessora chamada de presidente, Dilma Roussef. E assim o façam as centrais sindicais e o movimento popular.

Mas há um risco sem tamanho em não perceber de forma clara o que representa Eduardo Cunha como ameaça à tênue democracia que temos, ainda mais diante de um governo fraco e controverso. Por trás de Cunha estão forças da direita mais extremada do Brasil, inconseqüentes e venais.

Que a língua portuguesa seja, como a chamam, a última flor do Lácio, tudo bem. Mas que a cunha que arromba e molda o Brasil aos interesses dessas forças seja enfrentada, é bem mais que uma necessidade. É vital para restaurar o mínimo de perspectivas de avanços políticos e sociais. Ou em pouco tempo estaremos todos ouvindo o Grande Irmão, suas guerras inexistentes e gritando aleluia.


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