O decreto cita a defesa dos direitos humanos como base para declarar a Venezuela uma ameaça à segurança nacional. Nenhuma novidade, pois esta sempre foi a senha para os Estados Unidos iniciarem bombardeios humanitários e práticas semelhantes.
O decreto, entretanto, não informa a condição venezuelana de terceiro maior fornecedor de petróleo dos Estados Unidos este sim um aspecto relevante para a segurança nacional dos Estados Unidos.
Desde 1999, ano da posse de Hugo Chaves na presidência da Venezuela, os governos estadunidenses entendem como ameaça à sua segurança energética – base da segurança nacional – o controle estatal de uma empresa responsável pelo fornecimento de parcela considerável do petróleo que consome.
A PDVSA, petrolífera estatal da Venezuela, ao controlar todo o processo de exploração do petróleo nacional aumenta a sua independência em relação a política econômica determinada através das necessidades das grandes empresas principalmente as sediadas nos Estados Unidos.
Adicionamos ao fato a política de integração energética da América Latina, patrocinada pelo governo da Venezuela, utilizando o petróleo como elemento financiador de projetos comerciais, de saúde e educação. Neste ponto observa-se um maior distanciamento dos países beneficiados em relação aos empréstimos diretos ou programas de apoio social patrocinados pelos Estados Unidos, através de organismos nos quais exerce influência direta, em sua maioria acompanhados de exigências relativas a introdução de políticas neoliberais.
Os Estados Unidos aplica atualmente uma ousada política energética que resulta no controle absoluto, através de suas empresas, das reservas existentes no continente americano.
Este fato ilustra-se com as recentes noticias do armazenamento de 444,4 milhões de barris de petróleo em seu território gerando, segundo o EUA Energy Information Administration (EIA), a ocupação de 60% dos reservatórios estimando-se para abril, graças a produção de um milhão de barris diários em excesso, a plena utilização dos tanques.
Armazenar todo o petróleo e manter o preço em baixa gerando crises nos países que dependem da exportação, incluindo a Venezuela, para em seguida patrocinar a concentração comprando as empresas endividadas. Esta prática não é nova e foi aplicada com sucesso através da Standard Oil.
O aspecto queda nos preços, resultante do excessivo armazenamento de petróleo, torna-se o resultado visível da estratégia da segurança energética dos Estados Unidos. Todavia causa perturbação observar um país com produção industrial em baixa e historicamente defensor de práticas e métodos imperialistas ocupar totalmente os seus reservatórios de petróleo. Estariam preparando-se para alguma espécie de catástrofe? Quem sabe um inverno ainda mais rigoroso em 2016 ou uma guerra?
Neste processo a Venezuela sofre as consequências de sua ousadia em enfrentar o modelo econômico de base colonial imposto aos países da América Latina da mesma forma que observamos no Brasil a tentativa de destruição da Petrobras empresa símbolo da luta contra o imperialismo.