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Laerte Braga

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Livre expressão

O senador traficante: a agressão à Bolívia

Laerte Braga - Publicado: Sexta, 30 Agosto 2013 20:14

Em todo esse episódio a sensação que fica é que se alguém perguntar a Dilma Rousseff onde fica a Bolívia a suposta presidente do Brasil vai ficar em dúvida se na África ou na Ásia. Não tem a menor ideia do que se passa ao seu redor.


Uma operação de retirada de um senador traficante, condenado por corrupção em seu país, envolvido em treze outros processos inclusive assassinato da embaixada do Brasil até um avião que o trouxe a nosso País. Dinheiro público para violar o direito internacional e agredir um país amigo e dinheiro privado, do senador traficante, para comprar o encarregado de negócios do Brasil na Bolívia, isso depois que "li os salmos".

A bíblia hoje é desculpa para crimes como, por exemplo, os que Israel comete no Oriente Médio e em todo o mundo, inclusive aqui.

O direito de asilo é uma conquista das liberdades e dos direitos humanos, preserva o direito de opinião, a divergência política em níveis insuportáveis, a barbárie política como na ditadura militar, enfim, um acordo regulado entre as nações do mundo com esse objetivo.

As regras estabelecidas para a concessão do asilo são claras e precisas e via de regra cumpridas pela comunidade internacional. Nos últimos anos a prepotência norte-americana tem ameaçado essa conquista decisiva para a democracia.

Foi o caso do ex-presidente do Panamá, Noriega, asilado na embaixada do Vaticano que cercada por militares norte-americanos foi entregue pelo maior embuste dos últimos tempos, João Paulo II, diante da ameaça de revelação dos escândalos da Igreja.

De lá para cá, tanto se ofende esse direito básico, como no caso de Julian Assange, na embaixada do Equador na Grã Bretanha, como agora, um senador traficante condenado por crime comum em seu país, compra um encarregado de negócios que lê os salmos.

O argumento do diplomata Eduardo Saboia que Roger Molina Pinto estava doente foi desmentido num exame médico determinado pelo ministro da Justiça. São. Física e psicologicamente.

Assange não recebe o salvo-conduto e o senador traficante veio para o Brasil sem esse salvo-conduto, numa ação coordenada pelo encarregado de negócios Eduardo Saboia, em carro diplomático de La Paz a Corumbá, tudo sob a alegação que estava doente e não está. Num voo custeado com dinheiro público, à revelia da presidente da República (tem?), com o conhecimento do então ministro Anthony Patriot, que tem dupla nacionalidade (é brasileiro e americano) e participação direta do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, Ricardo Ferraço, acusado de corrupção e outros crimes e de imediato recebe o apoio do senador Aécio Neves, que, se tratando de drogas não é surpresa para ninguém. De traficante então...

Celso Láfer, o ministro de FHC, o que tirou os sapatos no aeroporto de New York, porque já estava sem as calças, numa falando à FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 29 de agosto, fez pesadas críticas a operação (esqueceram de avisar a ele que a oposição está a favor) e entende, como disse, que uma agressão à Bolívia, uma violação de normas internacionais.

O fato aconteceu dias depois que os últimos torcedores do Corinthians que assassinaram um menino com um sinalizador, foram soltos. O que se lhe acrescenta um ingrediente de represália.

São costumeiras as críticas ao sub-imperialismo brasileiro na América do Sul. Temos sido sub em tudo.

E o que faz a suposta presidente da República? Mostra-se irritada, demite o ministro das Relações Exteriores, diz que vai tomar providências enquanto é ameaçada pelo pai do diplomata que diz que se acontecer alguma coisa a ele vai complicar o governo e no final concede abrigo temporário ao senador traficante, ou traficante senador, a ordem é melhor assim.

Duas semanas antes o chefe de Patriot veio ao Brasil, John Kerry, dizer que os EUA querem monitorar o mundo e certamente dar aval à operação.

O que seria dos bancos sem os bilhões do tráfico de drogas? Será que alguém acha que Beira-mar é o todo poderoso? Dos latifundiários na fronteira com a Bolívia (rotas e plantações) e das empresas que direta ou indiretamente participam desse processo?

Dos milhões para subornar policiais? Políticos ligados ao tráfico (o senador Ricardo Ferraço passa a ser suspeito até prova em contrário)

O presidente da Bolívia quer o traficante na fronteira com seu país para que seja preso, comece a cumprir a pena a que foi condenado por crime comum e responda aos outros processos sobre tráfico, má gestão financeira e assassinato.

O que vai fazer o Brasil? Proceder como os EUA e ignorar o direito internacional? As leis internacionais?

Será que Ferraço e Aécio montam ou ajudam a montar uma ação semelhante para Julian Assange, ou Assange não interessa porque revela a podridão desse tipo de gente?

E Anthony Patriot? Foi para casa, vai ser embaixador do Brasil na ONU.

A bem da verdade Dilma deixou de ser apenas uma incompetente e passou a ser uma vergonha e uma piada para o Brasil com esse episódio. Houve envolvimento, claro, de policiais federais e militares. O traficante foi escoltado de carro da embaixada de La Paz a Corumbá com batedores. E a bandeirinha do Brasil nas laterais à frente.

Não somos de fato um país sério. Somos imensos, mas letras minúsculas.


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