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Carlos Serrano Ferreira

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Em coluna

Uma carta desde o Brasil para o Movimento Juntos Podemos

Carlos Serrano Ferreira - Publicado: Segunda, 09 Março 2015 14:47

Impedido de retornar a Portugal, país de eleição em meu coração, principalmente de um heróico povo que tanto amo e com quem tanto me identifico e me angustio por suas atuais mazelas, decidi escrever a carta que transcrevo abaixo endereçada aos camaradas reunidos em Coimbra no dia 28 de fevereiro na 3ª Assembleia Nacional do Movimento Juntos Podemos.


Senti-me na obrigação de direcionar-lhes algumas palavras depois da confiança em mim depositada pela minha eleição na 2ª Assembleia Nacional no Porto à Comissão Coordenadora, ainda mais sendo um estrangeiro. Expresso com esta carta minha crença absoluta de que este Movimento-Partido pode ser uma alternativa real à tragédia da austeridade e semicolonização que assolam o país. Creio que este povo, que já fez uma fantástica revolução, será capaz de fazer um novo abril para expulsar os vampiros que os governam há tanto tempo. Deixo aqui registrada esta carta, onde também ouso apontar, ainda que em breves linhas, minha opinião sobre o movimento e sobre os principais eixos de luta colocados no horizonte. Avante camaradas!

Cartas aos camaradas reunidos na 3° Assembleia Nacional do Movimento Juntos Podemos

Envio desde o calor do Rio de Janeiro uma calorosa saudação aos camaradas reunidos hoje em Coimbra. Infelizmente, após chegar ao Rio de Janeiro para férias, uma sucessão de problemas pessoais, financeiros, de saúde e profissionais se avolumaram, e eu e minha companheira, após muita reflexão, decidimos que seria inviável o meu retorno neste momento ao meu amado Portugal.

Contudo, não poderia deixar de enviar aos meus camaradas na estrada da construção de um mundo novo uma saudação e algumas palavras, além do agradecimento pela amizade e militância fraterna. Estarei convosco sempre em pensamento e acompanharei d'além mar os desenvolvimentos desse novo projeto político-social, que avançará, pois é uma necessidade derrotar as forças da reação e os partidos do regime – inclusive a sua ala à esquerda – que levam esse fantástico país à bancarrota social e econômica para salvar sua decadente elite, ainda que se convertendo em sócios menores das elites internacionais.

Desejo de coração e mente que esta assembleia seja mais um passo na consolidação desse movimento de mudança. Alerto que não nos percamos em discussões eternas, mas que pontuemos os eixos centrais e partamos para a ação, para as ruas, pois ela é o espaço do povo, é o nosso espaço. Dizia um companheiro nosso de outras épocas, que derramou seu sangue na luta socialista e contra o fascismo, Antonio Gramsci, que "Na verdade, pode-se dizer que um partido jamais se completa e se forma, no sentido de que cada desenvolvimento cria novas missões e encargos". Que tenhamos então a sabedoria que brota do debate coletivo, do escutarmos uns aos outros e, principalmente, escutarmos a voz do povo, para decidirmos quais são as missões que neste momento devemos ter, principalmente para mover as massas, pois são elas a construtora de um Portugal redivivo, democrático e popular.

Para concluir, deixo aqui minha contribuição, ainda que pequena, daqueles que creio sejam os eixos de luta que, acertados, podem ajudar a florescer e organizar este novo movimento-partido, construir um novo abril. Em primeiro lugar, a luta em defesa da soberania nacional. Se no passado era a arma esgrimida pelos fascistas contra os povos oprimidos das colônias, hoje é a luta popular em defesa de um país sob o ataque das forças internacionais, de elites que querem colonizar Portugal. É preciso mandar as hordas germânicas de volta para casa, e desta forma ajudar inclusive o povo alemão a se libertar do jugo das forças neoliberais e antipopulares de Merkel e companhia. Em segundo lugar, a luta por dignidade, contra a austeridade sob os pobres e os privilégios para os ricos. Não menos importante, é preciso lutar em defesa de uma democracia sob ataque das elites nacionais, aliadas e subservientes das elites estrangeiras. O governo atual é a continuação com rosto local da troika e, para governar, precisa esvaziar a democracia, tirar seu conteúdo, elitizá-la. O bipartidarismo serve unicamente ao revezamento de carrascos. A defesa da soberania é uma luta democrática que só é possível com a construção de uma democracia popular que surja das ruas, do povo, e invada os palácios, que tome a Assembleia da República. Por fim, a luta contra a corrupção, este óleo que azeita a máquina dessa farsa injustamente chamada de democracia, e que serve para a colonização do país e a destruição das condições de vida do povo.

Está fundamentalmente na mão dos camaradas hoje reunidos tomarem o futuro em suas mãos e serem os motores de um processo de junção das forças populares e sociais que, ainda que dispersas, ainda resistem. Não é uma tarefa simples, é verdade. Contudo, é uma tarefa não só possível, como urgente e necessária. Que tenhamos em mente um dito, também de Gramsci, como nosso lema hoje: é preciso que aliemos o pessimismo da razão ao otimismo da vontade. E, vontade eu sei que não falta nem nos camaradas, nem nesse povo, que não cansa de lutar. O que faltava era uma força unitária. Ela está nascendo. Tenho certeza de que juntos podemos!

Carlos Serrano

Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2015.


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