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190512 prisaoEstados Unidos - Prensa Latina - Organizações internacionais e ativistas pelos direitos humanos denunciam Estados Unidos por manter cárceres secretos em vários países onde, asseguram, se maltratou e torturado os prisioneiros da chamada guerra contra o terrorismo.


O tema dos polêmicos reclusorios da Agência Central de Inteligência (CIA) recobrou atualidade recentemente, depois de retomar-se um caso de instrução que data de 2002 e 2003, como denúncia de tais cárceres na Polônia.

Especialistas opinam que a remessa das atas de instrução da Promotoria de Varsóvia à de Krákov revela uma tentativa das autoridades polonesas para atenuar um escândalo que cobra força, comentou o jornal A Voz da Rússia.

Assim, uma delegação encabeçada pelo presidente da Comissão de Liberdades Civis e Assuntos do Interior do Parlamento Europeu, Juan Fernández-López Aguilar, reclamou em abril último uma pesquisa sobre os cárceres secretos na Lituânia, reconhecidas pelo Governo em outubro de 2011.

Nesse ano, soube-se que o suposto membro da Qaeda Abu Zubaydah, preso no cárcere de Guantánamo, Cuba, há 10 anos, foi transladado de Marrocos a um cárcere lituana via Jordânia, em um dos chamados "voos secretos" da CIA, precisou a publicação.

Os eurodeputados também dialogaram com representantes do Instituto de Observação dos Direitos Humanos lituano e a Administração Aérea Civil do país sobre dados sobre a suposta conivência do Executivo para respaldar o programa de entregas extraordinárias" iniciado em 2001 pela administração de George W. Bush.

Servidores públicos norte-americanos exerceram assim mesmo fortes pressões para que não se aplicassem as ordens de detenção contra oficiais da CIA vinculados ao sequestro de um cidadão alemão, erroneamente qualificado como terrorista em 2003, revelou o site Wikileaks.

John M. Koenig, o segundo da missão norte-americana em Berlim, ameaçou o governo teutônico de "medir cuidadosamente a cada passo por seus envolvimentos na relação com Estados Unidos", no caso de Khaled Masri, alemão de descendência libanesa.

Masri assinalou que foi retido na fronteira com Macedônia, enviado a uma prisão secreta e torturado antes de que se reconhecesse que tinha sido um erro e se lhe deixasse em liberdade, resenhou o jornal The New York Times.

No entanto, Washington também empregou barcos da Marinha de Guerra para localizar réus longe dos procedimentos judiciais estabelecidos para sua detenção.

A associação de juristas britânicos Reprieve, os mesmos que revelaram com detalhes os voos secretos da CIA, elaborou um relatório em 2009, no qual explicava que a Casa Branca teria optado, para escapar de toda ação judicial, por instalar prisões secretas em navios de guerra que cruzam as águas internacionais.

Foram identificadas ao menos 17 das prisões flutuantes, entre elas o USS Ashland, o USS Bataan e o USS Peleliu, navios de assalto anfíbio que têm a particularidade de contar com celas fáceis de acondicionar, destacou o jornal inglês The Guardian.

Desde 2001, mais de 80 mil pessoas teriam transitado por estas prisões, disse.

O escândalo dos cárceres secretos da CIA explodiu em fevereiro de 2005 depois de várias revelações do jornal The Washington Post.

Dados publicados pelo jornal confirmaram que a CIA escondeu aos terroristas mais perigosos da Qaeda nos chamados Black Sites (Lugares Negros) localizados em países do Leste da Europa como Lituânia, Polônia e Romênia, e outros dos catalogados como "aliados".

Nessas prisões os detentos foram objeto de pressão psicológica e torturas como simulacros de afogamento, privação do sonho e outros métodos de interrogação proibidos pela Convenção da ONU sobre os Direitos humanos, agregou o jornal.

O especialista do Instituto Internacional de Investigações Político Humanitárias da Polônia, Vladimir Bruter, explicou que Washington utilizou a seus aliados para não infringir a lei em seu próprio território.

A existência em vários países de cárceres norte-americanas é ilegal e está claro que repercutirá de forma negativa no presidente Barack Obama, que aspira à reeleição em uns seis meses, advertiu Bruter.

Apesar de ser uma promessa eleitoral, a administração democrata mantém sem fechar a controvertida prisão em Guantánamo, onde ao igual que em Abu Ghraib (Iraque) e Bagram (Afeganistão) torturaram prisioneiros, como se constata em fotos que mostram as vexações e acenderam as críticas da opinião pública em 2006.

O ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld autorizou durante seu mandato à CIA e aos militares deslocados a Iraque a empregar técnicas de interrogatório mais "duras" e "precisas" sobre os suspeitos presos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Também deu luz verde, com a conivência de altos cargos do governo de George W. Bush, à instalação de cárceres secretas ao redor do mundo.


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