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russia arabia sauditaArábia Saudita - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O aprofundamento da crise capitalista ameaça implodir um dos principais pilares da estabilidade do Oriente Médio, a Arábia Saudita.


A queda dos preços do petróleo tem provocado a acelerada redução das reservas soberanas em aproximadamente US$ 60 bilhões nos últimos seis meses, e em quase US$ 80 bilhões desde o início deste ano. As reservas ainda somam mais de US$ 630 bilhões.

Pela primeira vez, nos últimos oito anos, os sauditas venderam títulos públicos; desta vez, por US$ 4 bilhões. Investimentos nos fundos especulativos BackRock e Franklin Templeton têm sido repatriados.

O déficit público esperado para este ano supera os 7,5%. A comparação com a média dos 20% de superávit dos anos anteriores reflete a escalada da crise.

O aprofundamento da crise no Oriente Médio, a necessidade de suportar aliados, como os golpistas egípcios, e de financiar aliados instáveis como a Turquia e a Rússia, assim como pântano da guerra do Iêmen, que se calcula tenha consumido mais de US$ 7 bilhões, pressionam os sauditas a manterem os gastos em escala ainda superior do período em que o preço do barril do petróleo era o dobro do preço atual.

Com o objetivo de manter a estabilidade social, o novo rei Salman bin Abdulaziz não realizou cortes nos programas sociais no ano passado, mas os aumentou em US$ 30 bilhões.

A especulação imobiliária e a carestia da vida têm se tornado fatores que podem colocar-se novamente na base de novos protestos das massas, principalmente nas regiões habitadas por xiitas, onde as condições de vida são mais precárias.

Da base dos petrodólares a fonte de crise

Os acordos que aconteceram entre a monarquia saudita e o imperialismo norte-americano, no início da década de 1970, permitiram manter a ditadura mundial do dólar apesar do calote promovido a partir da abolição do padrão ouro. Foi um enorme golpe sobre o mundo, que permitiu manter a ditadura do dólar em cima das vendas de petróleo que passaram a ser realizadas fundamentalmente nessa moeda.

A emissão desenfreada de dólares norte-americanos, que inundam o mercado mundial, se encontra na base da especulação financeira, o coração da economia capitalista parasitária. Com o colapso capitalista de 2008, os principais esquemas especulativos saltaram pelos ares. Com o objetivo de manter o sistema funcionando, foram direcionados trilhões para resgatar os monopólios. Os mecanismos de contenção apresentaram fortes rachaduras em 2012, que, em 2015, se transformaram em verdadeiras fendas.

Os Estados Unidos impulsionaram a exploração de petróleo a partir do xisto, deixando de importar enormes volumes não somente da Arábia Saudita, mas também de todos os principais fornecedores. Os sauditas passaram a aplicar uma política duplamente “pecaminosa”. Por uma parte se transformaram no principal fornecedor de petróleo dos chineses, com os quais o comércio começou a ser desenvolvido em moedas locais. Ao mesmo tempo, os serviços de inteligência sauditas, aliados dos sionistas, se envolveram em toda uma série de golpes de estado, em vários países árabes, com o objetivo de conter o avanço das revoluções árabes e de aumentar o controle da região, em contraposição ao Irã, o pior inimigo, e em rota de colisão com a política aplicada pela Administração Obama para estabilizar o Oriente Médio.

O Iêmen, o Egito, a Síria, o Iraque e a Líbia já fazem parte da tendência à “somalização” da região, em direção à própria Arábia Saudita que representa o coração do Oriente Médio. Mas a situação está se tornando explosiva também em vários pontos do Golfo Pérsico, como o Kuwait e o Bahrein, além da Jordânia, Palestina e Líbano.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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