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040515 turquiaTurquia - Esquerda Diário - Um contingente de 20.000 policiais paralisou hoje o centro de Istambul para impedir as celebrações do Primeiro de Maio na emblemática Praça Taksim, atacando com gás lacrimogêneo grupos sindicais que se manifestavam em frente aos cordões. Houve centenas de detidos.


Uma área de aproximadamente 10 quilômetros quadrados no centro da cidade, que englobava as zonas de maior vida comercial e cultural, ficou totalmente fechada por vários círculos de barreiras policiais.

O transporte público de metrô, trem, ônibus e barcos esteve interrompido no local desde as primeiras horas da manhã, e as maiores avenidas ficaram fechadas ao tráfego.

Aproximadamente cinco mil pessoas filiadas a diversos sindicatos e partidos da esquerda se juntaram em frente ao cordão policial em Besiktas, um bairro em torno do Bósforo a uns dois quilômetros de distância da Taksim, mas não obtiveram permissão para aproximar-se da praça.

"Estamos aqui desde o amanhecer: viemos ao bairro ontem porque sabíamos que hoje seria impossível chegar até aqui pelos cordões policiais", disse à agência Efe, uma das manifestantes, Ecam, membra de uma associação de estudantes.

"Já na primeira hora houve enfrentamentos com a polícia e fortes ataques com gás lacrimogêneo em vários bairros dos arredores, porque não deixavam os ativistas passarem ", completou.

"Não deixavam passar nem nós, que vamos identificadas com coletes e crachás, por isso tivemos que escapulir por ruas laterais", concordou Evrim Baykondu, membro da IHD, associação de direitos humanos com mais respaldo na Turquia.

Entre os reunidos ali se achavam representantes dos maiores sindicatos de esquerda do país, assim como dirigentes do Partido Democrático dos Povos (HDP), a formação pró-curda presente no Parlamento.

Os manifestantes passaram a maior parte da manhã cantando consignas relacionadas aos protestos de Gezi em 2013 ou formando os coros do 'halai', o popular baile curdo, até que pelas 11:00 GMT a polícia começou a reprimir com jato d'água e densas saraivadas de bombas gás lacrimogêneo.

Ainda que a avenida tenha se esvaziado de imediato, a Polícia continuou lançando gás contra grupos de ativistas nas ruas do bairro de Besiktas e realizou numerosas detenções, como pode presenciar a Efe.

Em coletiva de imprensa, o diretor da Chefia da Polícia, Selami Altinok, informou que tinham sido feitas 203 detenções e admitiu que havia 24 feridos nos enfrentamentos, 6 deles, policiais.

Segundo a edição digital do diário Birgün, um jovem de 16 anos que foi alcançado por uma bomba de gás lacrimogêneo teve que ser transportado ao departamento de neurocirurgia de um centro de saúde.

Além de Istambul, em outras cidades turcas aconteceram celebrações do 1º de Maio, como Ankara, Esmirna, Zonguldak ou Konya sem que se tenham registrado incidentes.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, justificou em um discurso o fechamento de todo o centro de Istambul, e indicou que uma grande concentração de pessoas em Taksim "paralisaria o transporte público".

"Taksim não é um lugar adequado para reuniões. Há muitos outros lugares em Istambul onde se pode celebrar o Primeiro de Maio", insistiu.

Mas a emblemática praça tem um significado especial para a esquerda já desde os anos setenta, e especialmente desde o massacre do 1º de maio de 1977 quando pistoleiros nunca identificados dispararam sobre a multidão e causaram a morte de 34 pessoas.

A ditadura militar de 1980 proibiu as manifestações na praça, veto que só foi levantado pelo Governo de Erdogan em 2009.

Nos quatro anos seguintes, várias centenas de milhares de pessoas festejaram o Primeiro de Maio em Taksim com canções e danças em um ambiente sempre pacífico, sem que se registrassem incidentes.

Mas em 2013, o governo voltou a proibir as concentrações e desde os protestos do adjacente parque Gezi, em junho daquele ano, não foi permitida nenhuma manifestação na simbólica praça.

"O governo teme que as pessoas possam recuperar o espírito de Gezi se marcham até Taksim e que talvez voltem a ocupar a praça ou o parque", opinava em conversa com Efe Ebru, outra estudante ativista presente na manifestação de Besiktas. "Querem que nos esqueçamos de Gezi", adicionou.

A famosa praça ficou deserta todo o dia, rodeada por todos os lados por cinco ou seis filas de cercas metálicas, e grandes áreas dos bairros adjacentes ficaram também fechadas ao trânsito de pessoas, salvo policiais e jornalistas.


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