Essa é a história recente da Bulgária, o país que há alguns dias ocupou as manchetes dos jornais ocidentais por causa das manifestações que obrigaram Boiko Borisov, então primeiro ministro, a renunciar.
Aparentemente, a causa dos protestos foi o alto custo da tarifa de energia elétrica, mas como dizem os analistas, isso é só a ponta de um gigantesco iceberg.
Quase a metade dos búlgaros vive na pobreza absoluta e o desemprego oficial supera os 12%; mas não acreditem que ter um emprego signifique um conforto econômico. Mais da metade de um salário pode ir pelo cano só nas faturas da energia elétrica e da calefação.
Na Bulgária existem milhares de casas que têm apenas um calefador em toda a casa ou que não tenham nenhum aquecedor, vivendo em uma situação precária em um inverno rigoroso.
A situação é muito mais complexa pelas condições externas negativas, por exemplo, os investimentos estrangeiros foram reduzidos em cinco vezes desde 2009, e as exportações para o resto da Europa também sofreram acentuada queda.
Os investidores, esses príncipes do modelo neoliberal, não vêem muitos atrativos em uma economia na qual o poder aquisitivo dos cidadãos está no chão e os créditos são difíceis de obter.
Segundo os analistas, os poucos investimentos públicos são feitos com o dinheiro dos fundos europeus. A isso devemos somar a corrupção, em que até o já ex-premiê Borisov, famoso por sua "mão dura" contra o crime, tem um expediente que o vincula à máfia e a várias ilegalidades empresariais.
Mas o mais irônico desse assunto é que, apesar de tudo isso, a Bulgária, tecnicamente, não está em crise. Tem uma dívida externa de apenas 16% de seu PIB e 2% de déficit. Quem entende então os capitalistas? Quais são os verdadeiros parâmetros para medir a economia, os números ou a situação social?
A Bulgária não foi resgatada pelo FMI nem pelo Banco Central Europeu, entretanto aplica um duro "ajuste" em sua política fiscal. Em resumo: estamos frente às consequências de dois fenômenos, as desigualdades no interior da Europa e os desmandos do imperialismo.
Entretanto, diante desse panorama sombrio, talvez o mais triste não seja a precariedade econômica, mas sim a reação social, que decidiu tomar as ruas mas carece de propostas políticas para mudar a situação. O país está desorientado e tão confuso que muitos – em geral os que defendem o capitalismo – jogam a culpa no sistema socialista, que foi destruído há mais de 20 anos.
Com informações do Cubadebate