Nas últimas semanas vários deputados populares da bancada do Partido Comunista saíram da representação deste partido no parlamento. Por isso, a composição deste grupo diminuiu em comparação com o período da sua formação durante a primeira sessão da Suprema Rada.
Em 22 de julho o parlamento da Ucrânia conferiu ao presidente deste órgão o direito legislativo de dissolver a bancada, desde que o seu corpo diminua em comparação com o período da sua formação durante a primeira sessão.
Turchinov prometeu na ocasião que durante um só dia iria submeter o projeto de lei ao exame do presidente solicitando que assine este documento imediatamente e a seguir iria anunciar a dissolução da bancada do Partido Comunista da Ucrânia. A lei entrou em vigor quinta-feira, dia 24 de julho.
Antes disso, o líder dos comunistas ucranianos Piotr Simonenko tinha declarado na entrevista à agência RIA Novosti que apesar da pressão por parte das autoridades, o Partido Comunista da Ucrânia continuará a participar em qualquer hipótese das eleições parlamentares antecipadas que podem ser realizadas no próximo outono.
Os comunistas já eram incômodos na Rada há muito tempo e os temperamentais deputados ucranianos da coalição de direita não o escondiam. Os ultrarradicais que enchiam o parlamento por diversas vezes se atiraram à pancada aos comunistas acusando-os de alta traição. A questão da proibição do PCU foi colocada a nível judicial, mas por mais que queiram, será impossível encontrar bases legais para essa proibição, diz o líder dos comunistas Piotr Simonenko:
"Não faz qualquer sentido falar aqui de constitucionalidade. Esta decisão atropela a vontade dos cidadãos, se trata de mais de 13 por cento dos cidadãos da Ucrânia. Nas últimas eleições 3 milhões de pessoas votaram no Partido Comunista e concederam-nos o direito de trabalhar no parlamento e de ter nossa fração parlamentar."
No contexto deste espetáculo absurdo encenado pelas autoridades ucranianas, a proibição do Partido Comunista não surpreende ninguém. A própria paródia de julgamento dos comunistas parece ser a sequência lógica da tragicomédia política interna ucraniana. As autoridades de Kiev não se envergonham de usar os métodos do macartismo estadunidense, que foi a campanha de perseguição aos comunistas nos anos de 1940-50. Os jornalistas já falam de "turchinismo", apesar de o presidente da Rada Alexander Turchinov ter ultimamente recuado para papéis secundários.
Em geral, Kiev segue escrupulosamente o plano elaborado em Washington: está criando um Estado inimigo de Moscou nas suas fronteiras. Qualquer cessar-fogo ou negociações com a população ucraniana de tendências pró-russas não estão previstas nesse plano. Para executar esse plano, as pessoas que permanecem no poder em Kiev não irão parar perante nada, afirma o diretor do Instituto dos Países da CEI Igor Shishkin:
"Sem dúvida que para Kiev o mais importante agora é a completa supressão da resistência. Para eles esse fim justifica completamente os meios. Essas são as mesmas pessoas que executaram o crime em Odessa. Para essa gente não há barreiras morais. Se for preciso arrasar uma cidade – eles irão arrasar a cidade."
Os políticos leais às autoridades ucranianas combatem com entusiasmo a Rússia e tudo o que é russo. Na cidade de Lvov, na Ucrânia ocidental, por exemplo, as cadeias de supermercados foram proibidas de vender produtos russos, embora os políticos se devessem preocupar mais com o poder de compra de seus habitantes. Os salários estão sendo cortados, os programas sociais são cancelados em nome dos gastos com a chamada operação antiterrorista nas regiões do sudeste. Também a mobilização geral decretada pelas autoridades está aquecendo os ânimos. Mesmo as mulheres mais antirrussas da Ucrânia Ocidental por qualquer razão não querem deixar partir seus maridos e filhos, e agora também os pais, para a chacina organizada por Kiev.