Alguns episódios da história mais recente da Igreja católica apontam indícios para a renúncia do Papa Bento XVI. No dia 28 de setembro de 1978 morria aos 65 anos o Papa João Paulo I, o italiano Albino Luciani. Sua morte ocorreu um mês depois sua eleição para a direção da Igreja.
O autor britânico David Yallop, em seu livro In God's Name (Em nome de Deus), sugeriu que João Paulo I morreu porque estava prestes a revelar escândalos financeiros envolvendo o Vaticano. Esta tese corresponde aos fatos posteriores a morte do Papa. Quatro anos depois, veio a tona o escândalo de corrupção envolvendo o banco da Igreja e a máfia Italiana. A figura chave do escândalo foi o Bispo Paul Marcinkus, o então responsável do IOR (Instituto de Obras de Religião), o banco do Vaticano. Marcinkus ficou conhecido como a "sombra do Papa". Sua relação com Michele Sindona, um banqueiro ligado à máfia, revelou um esquema podre envolvendo a igreja.
A máfia utilizava o banco para lavar dinheiro oriundo dos Estados Unidos. O escândalo estourou em 1982, com a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, uma instituição católica do Banco do Vaticano era o maior acionista.
Depois da falência, a Santa Sé aceitou pagar milhões de dólares em indenizações a entidades estrangeiras afetadas pelo colapso do Ambrosiano.
Nada disso impediu que Marcinkus continuasse contando com a proteção de Carol Woytila, o João Paulo II, o sucessor do Papa Luciani. O novo Papa, foi vítima de duas tentativas de assassinato, especula-se que pelo mesmo motivo. Em maio de 1981, João Paulo II foi baleado e ferido gravemente. O Segundo atentado foi promovido pelo o ex-padre tradicionalista espanhol chamado Juan María Fernández y Krohn.
Os escândalos não pararam. Nos anos em que João Paulo II viajou pelo mundo, veio a tona a rede de pedofilia do Vaticano. O padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, um dos colaborardes mais íntimos do papa estava à frente desta operação. Ratzinger, sucessor de João Paulo II, arquivou o processo.
As chagas não foram curadas. Novos escândalos de corrupção abriram novamente as feridas do vaticano. A renúncia de Bento XVI foi anunciada em um momento delicado da Igreja. O ex-secretário geral do Vaticano, Vaticano Carlo Maria Vigano, publicou cartas de superiores denunciando uma rede de "uma rede de corrupção, nepotismo e favorecimento".
Todos os observadores estão convencidos de que estes fatos não vão além de raspar a superfície do esgote que corre por dentro da instituição religiosa.