O militar espanhol Francisco Alamán fazia referência assim à funçom constitucionalmente atribuída ao exército espanhol, consistente, entre outras cousas, em garantir a "indivisibilidade" do atual Estado espanhol por qualquer meio.
O coronel apontou diretamente para umha intervençom militar na Catalunha, caso se proclame a independência nesse país hoje dependente do Estado espanhol: "A Constituiçom [de 1978, monárquica e outorgada polo regime ditatorial franquista e hoje ainda em vigor] deixa muito claro qual deverá ser o papel do Exército perante umha situaçom como a que pretendem os separatistas cataláns", declarou Alamán.
O discurso do franquista está cheio de insultos aos partidários da independência ("abutres necrófagos") e autoidentificaçons com o fascismo, que denomina "o leom" ("ainda que o leom pareça dormido, que nom o provoquem porque já deu muitas provas da sua ferocidade ao longo dos séculos").
O coronel espanhol, supostamente ao serviço de um regime aconfessional, fala do "juramento sagrado" que os militares figérom, para fazerem cumprir o ordenamento constitucional, acrescentando que "Espanha nom é a Jugoslávia nem a Bélgica" e, em tom essencialista, afirma "a nossa nom é umha naçom qualquer e sim umha das mais importantes que a história da humanidade tem dado" (sic).
Espanholismo preocupado com o apoio maioritário catalám à independência
As ameaças de Francisco Alamán coincidem com o momento mais elevado do apoio popular na Catalunha à emancipaçom em relaçom ao Estado espanhol, sendo já maioritária a populaçom que aposta abertamente na independência nacional da Catalunha.
Periodicamente, representantes da instituiçom castrense espanhola fam declaraçons semelhantes às de Francisco Alamán, apelando à força e às supostas essências históricas e étnicas para manter "a integridade territorial até com as nossas próprias vidas" em referência aos movimentos soberanistas catalám, basco e galego.
Fascismo inequívoco
A referência ao fascismo foi desta vez inequívoca: "a situaçom atual é muito parecida com a de 1936 [golpe militar franquista e início da Guerra Civil], mas sem sangue". Desmentindo os dirigentes políticos que falam de umha instituiçom castrense espanhola "democrática", o coronel afirma que "qualquer comparativa com o regime de Franco deixaria muito em muito mau lugar a casta política [atual]". Apelando ao "patriotismo e à honra", alerta sobre "a situaçom agónica que vive a nossa pátria", critica as "ofensas a Deus" e a liberdade religiosa, concretamente que "qualquer imám poda defender em qualquer mesquita as leis islámicas".
Nom esquece o militar fascista condenar as campanhas que a esquerda independentista galega e outros movimentos populares no Estado espanhol tenhem servido para eliminar estátuas e placas de exaltaçom da ditadura: "Destroçam-se as estátuas de 'antes' (sic), mas conservam-se os paradores de turismo. Tira-se o nome às ruas dos franquistas, mas nom os seus frutos em forma de indústrias, pagas extras, segurança social, barragens (...)". "Por desgraça", acrescenta, "nom temos um outro estadista como Franco para que nos dê umha ajuda".
A sua conclusom tem forma de inequívoca ameaça: "Esta farsa vai terminar"...
Silêncio do PP e do PSOE
Curiosamente, no momento de redigirmos estas linhas, nem o PP nem o PSOE figérom qualquer denúncia contra o coronel Alamán. Tampouco figérom qualquer avaliaçom sobre as declaraçons golpistas do militar.
Todo indica, portanto, que manterá os seus galons e salário pago a conta das instituiçons públicas do Estado espanhol que afirma ser um "Estado de direito".
Diversas forças políticas e sociais catalás sim denunciárom o "neogolpismo" de Francisco Alamán, que representa umha conceçom central no nacionalismo espanhol mais radical: a ideia de que a configuraçom do atual Estado espanhol como "naçom" tem um valor essencial, universal e inalterável, mesmo que existam maiorias sociais nas naçons oprimidas favoráveis a umha ruptura democrática.