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150615 iemenIémen - Avante! - [Albano Nunes] "Depois da luta armada contra os colonialistas, sob a direção do nosso partido, a nossa independência foi conquistada em 1967, depois de 129 anos de colonialismo. Herdamos uma pesada herança dos colonialistas".


Em 1969 entramos numa nova fase, depois da tomada do poder pela ala progressista da Frente Nacional. Obtivemos, desde então, muitos êxitos no campo econômico, político e social, com muitos sacrifícios do nosso povo, graças à ajuda fraternal dos países socialistas e principalmente da União Soviética".

Estas são palavras do representante da Organização Política Unida – Frente Nacional do Iêmen na tribuna do 8º Congresso do Partido Comunista Português (PCP) em 1976. A Revolução de Abril suscitava ampla admiração e solidariedade e as relações dos comunistas portugueses e dos revolucionários iemenitas, que, entretanto, criaram o Partido Socialista Iemenita orientado pelo marxismo-leninismo, tornaram-se muito estreitas. Em 1980, o camarada Álvaro Cunhal, numa viagem histórica ao Oriente Médio, visitou a República Popular Democrática do Iêmen. Em tempo de avanço revolucionário o PCP acolhia no seu Congresso organizações anti-imperialistas e progressistas de todo o mundo e o Iêmen do Sul, protagonista da primeira experiência de orientação socialista do mundo árabe, não podia faltar.

Entretanto, na virada dos anos 80, o mundo deu um imenso salto atrás. O desaparecimento da URSS e do socialismo como sistema mundial levou à contraofensiva do imperialismo visando impor ao mundo uma nova ordem mundial totalitária. O quadro internacional é hoje completamente diferente daquele em que se realizou a revolução portuguesa e trouxe a Portugal a primeira delegação de revolucionários iemenitas. Perante a resistência dos trabalhadores e dos povos e a braços com o aprofundamento da sua crise estrutural, os setores mais reacionários e agressivos do capitalismo jogam cada vez mais abertamente no fascismo e na guerra como "saída" para as suas contradições. Conduzidas pelos EUA, a UE e a Otan multiplicam-se guerras de agressão que, como na Síria, estão provocando sofrimentos sem conta e destruindo países de cujas riquezas o grande capital transnacional quer apoderar-se, como acontece no Oriente Médio onde se encontram as maiores reservas mundiais de petróleo de que, ao serviço do imperialismo, a Arábia Saudita é um dos principais guardiões.

O que se passa no Iêmen integra-se num processo de subversão generalizado em que o imperialismo explora sobrevivências tribais e feudais, atiça conflitos étnicos e religiosos, generaliza a corrupção e os tráficos criminosos, fomenta e instrumentaliza o terrorismo, o grande álibi da sua estratégia agressiva. Nunca devemos esquecer que a Al Qaeda, que a agressão da Arábia Saudita estaria a fortalecer no Iêmen, foi uma criação dos EUA, alimentada pela repugnante elite saudita. Mas importa, sobretudo, não esquecer a história da luta libertadora do povo iemenita contra o colonialismo e o imperialismo que culminou com a fundação da RPDI. Por detrás do emaranhado de contradições e conflitos atiçados pela agressão estrangeira – cuja natureza está bem expressa nos criminosos bombardeios das cidades de Sanaa e Adén, sem que o "Ocidente civilizado" levante um dedo de condenação – está é a realidade da luta de classes e a certeza do desenlace revolucionário, cedo ou tarde, que a reação saudita e o imperialismo tanto temem. A roda da história andou para trás. Mas temporariamente. Há sólidas razões para confiar em que no Iêmen, como noutros países que gemem sob a bota imperialista, os ideais libertadores acabarão por triunfar.


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