A greve queria pressionar Ankara para que levantasse as restrições à língua e para que melhorasse as condições de Öcalan na prisão.
Os presos curdos que mantinham uma greve de fome desde meados do mês de setembro (uns 700) abandonaram o protesto este fim de semana. A decisão tomaram-na depois que o líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistao (Partiya Karkerên Kurdistan, PKK), Abdullah Öcalan, lhes tenha pedido que deixassem a greve. Öcalan, num comunicado emitido pelo seu irmão, disse que a greve tinha "conseguido o seu objetivo" e que já não fazia sentido continuar arriscando as vidas dos grevistass, a saúde de alguns dos quais se encontrava numa situação limite.
O apelo de Öcalan, que cumpre condena na prisão turca de Imrali, coincidiu com tímidos sinais de abertura de Ankara. De um lado, o governo turco anunciou há duas semanas que levará ao Parlamento da Turquia uma modificação legal para permitir o uso da língua curda nos tribunais. Esta era uma das demandas dos grevistas, apesar de que Ankara assegura que a medida já a tinha previsto o passado setembro.
Do outro, vários meios locais interpretam que a petição de Öcalan tem a ver com a possibilidade que comece um novo processo negociador entre a Turquia e o PKK. O digital curdo Rudaw refere-se a ele e fala de contatos recentes entre o líder da guerrilha curda e os serviços secretos turcos. Hoje mesmo, a rotativa turca Zaman cita o ministro de Justiça de Turquia, Sadullah Ergin, segundo o qual "terá conversações" no futuro com Öcalan, apesar que não tem concretizado nenhum formato nem que alcance terão.
Contra o isolamento de Öcalan e a favor da língua
A greve de fome pretendia pressionar o governo de Turquia para que este pusesse ponto final ao isolamento de Öcalan em Imrali e para que levantasse as restrições no uso do curdo nos sistemas educativo e judicial. Boa parte dos presos que mantinham a greve eram membros do PKK. Alguns deputados do único partido curdo com representação ao Parlamento turco, o BDP, também se tinham unido ao protesto.