Depois de meses de tensão entre o governo e a oposição, o Parlamento português adotou nesta quarta-feira um pacote de ajustes para 2011, na tentativa de equilibrar as finanças do país e reconquistar a confiança do mercado. O objetivo é economizar 5 bilhões de euros. As medidas prevêem o aumento da TVA, imposto equivalente ao ICMS, em 23%, o congelamento das aposentadorias, restrições de benefícios sociais e de subvenções nos setores da saúde, educação, e habitação.
Segundo o governo, a medida deverá provocar uma baixa no crescimento econômico em 2011 de 0,2%, e uma alta do desemprego de 10,8%. Portugal, considerado um dos países mais pobres da zona euro, se comprometeu a diminuir o déficit público de 7,3% do PIB para 4,6% em 2011. Recentemente, a Comissão Europeia adotou um dispositivo que prevê sanções contra países do bloco que não tomarem medidas para controlar seu endividamento.
Portugal deve testar o impacto das medidas nesta quinta-feira no mercado financeiro, com a emissão de títulos públicos de um montante de um bilhão de euros.
As centrais sindicais já preparam o contra-ataque. A CGTP, o maior sindicato do país, convocou uma manifestação para sábado. Em protesto às novas medidas, uma jornada de mobilização também está prevista para o dia 24 de novembro. As centrais acreditam que o movimento será o mais importante desde o fim da ditadura em Portugal, em 1974.