O objectivo deve ser provocar nos prisioneiros humilhação, insegurança, desorientação, exaustão, ansiedade e medo e os vários manuais, até aqui secretos, a que o jornal "Guardian" teve acesso explicam como.
Num documento em PowerPoint de 2005, a instrução é clara: "Dispam-nos!" Antes de serem interrogados, os prisioneiros devem tirar a roupa e se não colaborarem devem continuar assim até que o façam. Num outro documento é sugerido que se vendem os interrogados para os colocar sob pressão.
Material de treino para interrogadores do exército britânico mais recente refere que, para além de o uso de algemas de plástico e vendas serem essenciais, uma boa técnica é em vez das oito horas de sono a que cada interrogado tem direito que apenas lhe seja permitido descansar quatro.
Os interrogadores devem dizer-lhes que caso não respondam às perguntas não poderão comunicar seja com quem for.
O local onde decorre o interrogatório também é importante. Numa formação recente foi dada a recomendação por um local discreto, de preferência com mau aspecto, como contentores de barcos, que são ideais pela privacidade que oferecem.
O material de formação para os interrogadores do exército britânico diz ainda que os prisioneiros de guerra devem ser condicionados antes do interrogatório. As perguntas devem ser feitas de forma dura e quem interroga deve colocar-se muito próximo da cara do prisioneiro e gritar.
O "Guardian" escreve que todo o material a que teve acesso foi produzido após a morte de Baha Mousa, um recepcionista de hotel iraquiano que foi torturado até à morte por tropas britânicas em 2003.
Esta notícia surge quatro dias depois da publicação de milhares de documentos confidenciais pelo site WikiLeaks reveladores de abusos cometidos na guerra do Iraque.