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O capitalismo não vai acabar com a violência à mulher

031010_bastaBrasil - PSTU - [Cláudia Durans] Somos constantemente bombardeados com notícias sobre assassinatos de mulheres. O Brasil é o 12º no ranking mundial desse tipo de homicídio. Uma mulher é morta a cada quatro horas.


Vale lembrar os últimos casos de violência emblemáticos divulgados na imprensa: Eliza Samúdio, Mércia Nakashima, a menina Eloá, Maria Islaine, Sandra Gomide. São exemplos entre tantos outros que ficam ocultos. Todas têm em comum o fato de terem sido mortas por mortas por homens com que tiveram um relacionamento afetivo.

A impunidade reinante incentiva a violência contra mulheres. O assassinato de Sandra Gomide, morta em 2000 pelo jornalista Pimenta Neves, ex-diretor da Folha de S. Paulo, completou dez anos, na semana passada, sem nenhuma punição.

Na maioria das vezes, essas mulheres já tinham denunciado ameaças e riscos a parentes, amigos e em delegacias de atendimento à mulher. Foi o caso de Eliza Samúdio. Contudo, nada foi feito para impedir os assassinatos. Isso demonstra a completa inoperância do Estado brasileiro para combater a violência e o machismo.

As emissoras de televisão, fazendo sensacionalismo, têm alcançado altos índices de audiência, procurando envolver emocionalmente os telespectadores. Apresentando tais casos como verdadeiras obras de ficção, mostram imagens de reconstrução dos fatos e a mulher como objeto, muitas vezes "culpada" pela violência sofrida por ter tido algum "comportamento" considerado reprovável pela sociedade ou por ter "provocado" (como se diz nos meios populares) através de denúncias nas delegacias ou por usar roupas curtas e ainda por não aceitar mais o companheiro. Isto tudo é um absurdo!

Por outro lado, têm sido destacadas as iniciativas do Estado para combater a violência, como a Lei Maria da Penha, identificando o país como modelo a ser seguido, e que os casos isolados devem ser combatidos. Porém esquecem de destacar a conivência dos governos com essas práticas machistas e que não há por parte deles nenhuma política efetiva que possa de fato erradicá-las.

Para se ter uma ideia, em 2010 o governo Lula alocou menos recursos para enfrentar a violência contra a mulher, com corte orçamentário de 36%, não garantindo os serviços básicos como assistência médica e psicológica. Daí os limites da Lei Maria da Penha. Vale dizer que só os encargos com a dívida pública – juros e amortizações – consumiram do orçamento em 2009 35%, 57%. O que demonstra a opção e compromisso deste governo com banqueiros e empresários.

Por outro lado, crescem assustadoramente as denúncias de violência contra as mulheres chegando a um percentual de 112% em 2010 segundo dados da Secretaria da Mulher do governo federal. Não é difícil imaginar quem são as mulheres vítimas dessa situação. A maioria é negra e indígena. Nas suas trajetórias de vida, têm como marca o abuso e a violência sexual, além de serem tratadas até hoje como objeto de trabalho e sexo, sem a mínima garantia dos direitos sociais básicos do ser humano.

Esta triste estatística de assassinatos, violência física e psicológica sofrida pela maioria das mulheres – trabalhadoras, negras e indígenas – sequer aparece na mídia. Soma-se a isso o fato de que as mulheres negras, durante séculos, foram expostas a várias formas de violência – trabalho escravo, depois trabalhos precarizados, exploração do trabalho doméstico, vítimas de um padrão de beleza que impôs a mulher branca como modelo, desvalorizando traços físicos e atributos étnicos negros.

Elas são ignoradas pelo sistema de saúde, seja pelo péssimo atendimento, seja pela não aceitação do item cor nos dados censitários dos hospitais públicos. Tudo isso dificulta saber quantos somos, que doenças carregamos e como podemos ser tratadas. A simples inclusão desse item diminuiria enormemente as doenças consideradas étnicas, como anemia falciforme, pressão alta, miomas, bem como a mortalidade materna que incide consideravelmente entre a população negra.

Assim, a violência só poderá ser de fato combatida através da organização e luta cotidiana das trabalhadoras e dos trabalhadores, com a implementação de um programa socialista. É preciso lutar! É possível vencer!


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