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Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP): sobre as revoltas em Londres

100811_londres9Inglaterra - Revolutas - [Socialist Worker] Porque as pessoas estão revoltadas?


Os tumultos que varreram grande parte de Londres, Birmingham, Liverpool e Bristol são produto de uma explosão de amargura e raiva.

Isto é o que acontece em uma sociedade em que a desigualdade cresce e se aprofunda. Onde existem grandes bolsões de desemprego e pobreza. Onde há perseguição policial sistemática e racismo. Onde muitos jovens sentem que não têm futuro.

Tal como nos protestos estudantis do ano passado, é a "geração perdida" criada pelos Conservadores (Tories) que estão no centro dessas lutas, embora muitas pessoas mais velhas também estejam envolvidas.

Os fatores que levaram à explosão de revolta afetam milhões. Os motins não são produto de "criminalidade" ou "violência gratuita". Slogans políticos, tais como "Estas ruas são nossas ruas", a exigência de "Justiça" e denúncias sobre a ação da polícia tem destaque em todos os protestos.

O pano de fundo é o aprofundamento da crise capitalista. A anarquia do mercado é muito mais devastadora do que a suposta anarquia das ruas. Os banqueiros e empresários continuam a receber bônus milionários, enquanto os salários são achatados. Enriquecem mais que qualquer ganhador de loteria.

O racismo e a brutalidade policial

Em Tottenham o estopim da revolta foi o assassinato Mark Duggan pela polícia, as mentiras sobre ele e o tratamento cruel que sua família e amigos receberam. Este é apenas o mais recente episódio de uma história de racismo e brutalidade policial na área.

Nenhum policial foi considerado culpado por mortes de pessoas sob sua custódia nos últimos 40 anos, apesar de elas ocorrerem uma vez por semana, em média. No início deste ano, milhares marcharam no sul de Londres em protesto pela morte do cantor de reggae Smiley Culture. As autoridades alegam que ele se matou com uma faca enquanto a polícia estava em sua casa.

Estes acontecimentos são apenas a ponta do iceberg do racismo policial. O assédio a jovens negros e asiáticos faz parte do cotidiano da Grã-Bretanha. Os negros têm 26 vezes mais chance de ser parados e revistados pela polícia do que os brancos.

Já, durante estes distúrbios, centenas de pessoas foram presas. Haverá um clamor da imprensa e de políticos por repressão, com poderes ainda maiores para a polícia. Nos opomos totalmente a tais medidas. Já nos foram arrancados muitos direitos.

Os escândalos de Murdoch mostraram a enorme corrupção na polícia. Sua brutalidade e racismo são claras para milhões de pessoas. A última coisa de que precisamos é reforçar seu poder.

Os ataques dos Conservadores

Ao mesmo tempo, os motins não teriam acontecido se não fossem os ataques do governo liderado pelos Conservadores.

Em Haringey, o bairro de Londres em que fica Tottenham, 54 pessoas disputam cada vaga de emprego. Oito dos 13 centros de juventude foram obrigados a fechar as portas devido a cortes de verbas governamentais.

No ano passado o governo cortou bolsas educativas de 630 mil jovens e triplicou as taxas pagas nas universidades, criando um grande obstáculo para o acesso à educação para a maioria.

A Grã-Bretanha passa pelo momento de maior desigualdade social desde a década de 1930. Enquanto muitos tiveram que abandonar a escola no mês passado, ficando sem esperanças no futuro, as fortunas combinadas das mil pessoas mais ricas do país subiram de £ 6 bilhões, em 2010, para cerca de £ 400 bilhões.

O corte de £ 81 bilhões decretado pelo governo David Cameron vai significar o corte de centenas de milhares de postos de trabalho, comunidades devastadas e serviços públicos destruídos.

Em algum momento, pessoas encostadas na parede reagem. É isso é o que está acontecendo agora, tal como aconteceu durante o governo de Margaret Thatcher na década de 1980, na grande depressão da década de 1930 e na grande quebra da década de 1880. Períodos em que aconteceram grandes revoltas na Grã-Bretanha.

Os distúrbios são também uma resposta ao fracasso absoluto do Partido Trabalhista em ser uma alternativa às políticas dos Conservadores. Todos os partidos políticos institucionais oferecem essencialmente a mesma receita. Nada além de canhões de água, sentenças de prisão e exército nas ruas.

A resistência é a resposta

Tumultos são uma expressão de raiva. Como disse Martin Luther King, eles são "a linguagem dos que não são ouvidos". Mas para deter os Conservadores é preciso mais.

Precisamos de mais protestos, como a grande manifestação em 26 de Março e a greve dos 750 mil em 30 de junho. Tais lutas precisam unir os jovens desesperados e os trabalhadores que enfrentam desemprego, ataques a suas pensões, enorme redução salarial e piores condições de vida.

Chamamos a central sindical TUC, sindicatos e movimentos a lançarem-se na luta contra os cortes de verbas, a pobreza e o racismo. Chamamos para a construção de eventos como a manifestação contra os fascistas em 3 de setembro, o protesto na conferência dos Conservadores em 02 de outubro, e a greve preparada por mais de um milhão de trabalhadores, prevista para novembro.

A verdadeira solução para o desespero que cria tumultos será a criação de um tipo diferente de sociedade, em que sejam atendidas, em primeiro lugar, as necessidades da grande maioria, e não os de uma pequena elite.

Fonte: http://www.socialistworker.co.uk/issue.php?id=587


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