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Condenar a violência ou condenar a história?

Raphael Tsavkko Garcia

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Defenderei a casa de meu pai

Condenar a violência ou condenar a história?

Raphael Tsavkko Garcia - Publicado: Sexta, 04 Março 2011 15:01

Raphael Tsavkko

A cada dia tenho mais certeza de que para a Esquerda Nacionalista (Abertzale) se tornar uma opção legal (e não real, pois isto já é) será preciso descaracterizá-la ao ponto de torná-la inócua.


Nada melhor para neutralizar um grupo do que apagar seu passado, do que obrigar ao repúdio deste passado. Cabem muitas verdades na história, mas mesmo as interpretações me parecem ter limites. Coisas como a decisão recente do Papa de retirar a culpa pela morte de Jesus dos judeus se encaixa como um clássico caso de falseamento da história.

Jesus era judeu e foi entregue/morto pelos judeus junto com os romanos. Pilatos lavou as mãos e a sentença foi decidida pelos judeus. Sim, trata-se de política, de falsear a história para conseguir se relacionar melhor com os judeus no presente, mas, ainda assim, é uma mentira.

Mentira que, se passar aos livros de história, se tornará uma verdade em poucos anos e aqueles fiéis à história serão considerados conspiradores e desviantes.

Pois bem, à Espanha não interessa a verdade. Fossas comuns com corpos de vítimas de Franco continuam fechadas, corpos continuam sem identificação, famílias continuam sem identificar e enterrar seus parentes e não há ou haverá qualquer punição. Preza-se pela mentira ou pelo esquecimento. Lembremo-nos que o PP jamais repudiou efetivamente a violência franquista e costuma se opor ativamente À retirada de símbolos franquistas das cidades espanholas, bascas, catalãs ou galegas.

O PP não abriu mão de seu passado fascista, mas, junto ao PSOE querem forçar a esquerda nacionalista a abrir mão de seu passado. Mas, ao contrário do passado fascista do PP, os Abertzales tem um passado glorioso e heróico, de gudaris valentes que defenderam acima de tudo sua pátria.

Sortu, o novo partido nacionalista que busca viabilizar-se politicamente, pese as tentativas do governo e justiça (sic) espanhola em vetarem sua participação nas eleições, declarou que, a partir de sua fundação e legalização, iria condenar a violência da ETA que porventura persistisse.

É interessante marcar dois pontos, primeiro o da necessidade da LEGALIZAÇÃO para condenar algo e segundo que trata-se de condenar o que acontecer POSTERIORMENTE a isto, e não o passado.

Não seria crível e muito menos aceitável a condenação de Txiki, de Argala, de Txabi Etxebarrieta e de tantos outros verdadeiros gudaris que combateram Franco com o mesmo afinco que os modelos de soldados da resistência ligados ao PCE ou ao PSOE.

A justiça (sic) espanhola não vê problema no culto à personalidades franquistas, a Primo de Rivera, a Fraga Iribarne e mesmo a Franco, assassinos de povos, mas não aceita que os bascos cultuem seus heróis.

Os bascos não permitirão que sua história seja reescrita ou falseada, se assim o fizerem não terão mais razão para lutar, para buscar sua liberdade, pois terão se conformado, aceitado, se tornado espanhóis.

Um povo sem história é um povo sem identidade.


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