As importantes mobilizações na Líbia e no Bahrein dão continuidade aos processos revolucionários na Tunísia e Egito das últimas semanas.
No caso da Líbia, os protestos ocorrem na capital, Trípoli, e em mais três cidades, onde ontem decorreu o chamado Dia da Ira, produzindo-se também concentrações de milhares de apoiantes do governo de Muammar el Gadafi, que terá participado também na concentração da praça Verde, no centro da capital, segundo imagens difundidas pela imprensa oficial.
As cidades onde se produziram manifestações são Benghazi, Al-Bayda e Zenta, além da capital, onde também se concentraram milhares em apoio a Gadafi. O chefe de Segurança de Al Bayda terá sido demitido pelas autoridades políticas, devido às mortes produzidas pela repressão policial contra manifestantes antigovernamentais.
A TV estatal terá ignorado os protestos, exibindo músicas patrióticas e fotos das manifestações pró-governamentais de Trípoli. Os chamados 'Comités Revolucionários" de apoio ao governo ameaçam a oposição com uma "resposta arrasadora".
Os dados sobre a repressão e a morte de 24 pessoas são da ONG Human Rights Watch (HRW), que por sua vez cita testemunhas do país. Segundo essa fonte, grupos de civis apoiam a polícia na repressão dos opositores, enquanto a presença militar aumenta nas cidades que registam as maiores manifestações.
Governo independente
Contrariamente à Tunísia e o Egito, a República da Líbia tem um governo independente do imperialismo ianque, tendo sido já alvo do ataque militar aéreo dos Estados Unidos contra a sua capital e contra Benghazi no ano 1986, sob a acusação de dar cobertura a "campos de treinamento terrorista". Nos ataques morreram a mulher e um filho do presidente.
Gadafi detém o poder no país desde 1969, quando liderou um levantamento que derrubou a monarquia e criou a República Árabe Popular e Socialista. Em 2006, saiu da lista negra dos Estados Unidos, o que supôs o fim do bloqueio econômico que sofria por parte do imperialismo ianque, em troca do abandono do programa nuclear por parte do governo líbio.
Bahrein, alidado dos EUA na região
No caso do Bahrein, emirado convertido em Reino desde 2002 e aliado dos Estados Unidos na região, as forças repressivas atacaram uma multitudinária mobilização contra a ditadura do rei Hamad Ibn Isa Al Khalifa. A multidão, que estava acampada numa praça central da capital, foi atacada com espingardas, cacetes e facas por parte da polícia, segundo alguns relatos. Blindados e carros de combate participaram na tomada da praça pelas forças repressivas.
Confirmaram-se quatro mortes e 230 pessoas feridas, o que parece um número reduzido em função da brutalidade que terá tido o ataque. Daí que se espere que o número de mortes confirmadas venha a crescer nas próximas horas.