Arnaldo Mesquita tinha 80 anos. Formando em Direito pela Universidade de Coimbra, Arnaldo Mesquita foi preso pela PIDE pela primeira vez em 1955 durante o processo do julgamento de Ruy Luís Gomes, presidente do Movimento democrático Nacional.
Numa entrevista em Março de 2008, Mesquita falou do momento em que foi preso pela polícia política do regime de Salazar. “Quando fui preso a primeira vez fiz um comício no comboio. Eles meteram-me no comboio para Lisboa com dois Pides. E eu comecei a conversar com as pessoas do lado, Até que, por fim, me levantei e disse: Meus amigos, chamo-me Arnaldo Mesquita, sou um preso político. Estes senhores são da PIDE (NR.: Polícia do regimes fascista colonial português) e levam-me preso para Lisboa. A minha família não sabe. Por favor, avisem-na e avisem a Ordem dos Advogados. Dei a morada e, no dia a seguir, foram avisar”, contou na altura.
Voltou a ser preso pela PIDE em 1959, onde foi sujeito a “160 horas na tortura do sono”. Foi nessa fase que escreveu o livro “Amanhã Virás”, publicado em 1971. A sua prisão foi feita com base em reconhecimento fotográfico por ter sido delegado ao V Congresso do PCP, realizado clandestinamente, em 1957, numa moradia, em São João do Estoril.
Do seu currículo de advogado e defensor dos presos políticos constam duas batalhas. Em 1964, conquista a libertação da militante clandestina do PCP, Maria da Piedade Gomes dos Santos, impedindo a primeira tentativa de aplicação de medidas de segurança a uma mulher. Na década de 70 consegue que fosse respeitada a obrigação legal de que os interrogatórios aos detidos fossem assistidos por advogados.
O funeral de Arnaldo Mesquita realizou-se ontem à tarde no cemitério de Lousada.