Naqueles anos, outras correntes da nossa esquerda nacional apelavam à condiçom socialmente maioritária do galego, considerando-a um facto inalterável. Daí que, nos espaços de poder ocupados polo nacionalismo galego nas últimas décadas, tenham evitado afrontar com realismo a dramática evoluçom agora confirmada: o galego é já, em termos absolutos, língua minoritária face à imposiçom sistemática e efetiva do espanhol.
A releváncia do facto vê-se logo, ao comprovar que estamos diante de umha novidade histórica no último milénio longo, pois nunca antes a língua do nosso povo tinha deixado de ser a imensamente maioritária.
Além disso, os dados estatísticos tenhem perfeita correspondência com umha realidade social bem palpável e inclusive mais negativa, tendo em conta que é o envelhecimento populacional o que impede que visualizemos a verdadeira correlaçom de forças: os minoritários 44% de galegofalantes som na verdade muitos menos em todas as faixas de idade salvo as mais velhas. A tendência, portanto, só vai aprofundar-se nos próximos anos, se nom houver mudanças políticas.
A realidade atual dos dados oferecidos polos organismos estatísticos do sistema, assim como a reaçom exultante da direita espanhola governante (PP), gabando-se do desastre que promove, demonstram que esse é precisamente o objetivo histórico do poder espanhol instalado na nossa naçom: liquidar a nossa língua, reduzindo-a a um vestígio museístico e folclórico.
Nom é preciso ter imaginaçom para conhecer o roteiro previsto. Para além de termos já percorrido a maior parte do trajeto lingüicida, temos no Estado espanhol dous processos semelhantes em estado de descomposiçom lingüística mais avançado: O País Valenciano e as Astúrias, onde o espanholismo aplica idênticas receitas com dramáticos resultados bem visíveis.
Pola parte das forças galeguizadoras, NÓS-Unidade Popular tem denunciado em muitas ocasions que as forças maioritárias do nacionalismo galego carecem de umha estratégia alternativa que ultrapasse as boas intençons e o voluntarismo. Os sucessivos governos municipais, provincipais e autonómicos com participaçom nacionalista galega assim o corroboram.
O Plano Geral de Normalizaçom Lingüística, reivindicado em simultáneo polas quatro forças parlamentares, mantém-se nos marcos do bilingüismo impossível em que o galego sempre perde. O mesmo pode dizer-se das normas municipais aprovadas por unanimidade num grande número de concelhos galegos, estando o resultado à vista.
A esquerda independentista galega sempre considerou imprescindível um estatuto legal abertamente preferencial para o galego. A suposta cooficialidade vigorante nas últimas décadas funcionou como anestésico diante do imparável avanço do espanhol, que conta com todos os mecanismos de poder ao seu dispor. O grande desafio do nosso povo é mudar a correlaçom de forças e dar ao galego o papel de Primeira Língua Oficial da Galiza que lhe corresponde.
Sabemos que a Constituiçom, o Estatuto e demais estruturas legais e institucionais espanholas som, por princípio, um bloqueio para o desenvolvimento de umha estratégia verdadeiramente normalizadora. Porém, deve ser na prática do dia a dia, em funçom das quotas de poder social e institucional que as forças pró-galego ocuparmos, que esse bloqueio espanhol seja quebrado.
No horizonte estratégico, deve situar-se a imprescindível soberania nacional, a independência, como quadro de açom que garanta ao galego a posiçom que deve ter como língua nacional da Galiza.
Essa é a aposta de NÓS-Unidade Popular. Fazemos um apelo às diferentes forças nacionais favoráveis ao galego para avançar na ruptura da lógica bilingüista e no verdadeiro fomento do galego a todos os níveis, sem ocultar o objetivo que deve mover-nos: fazer do galego a nossa língua nacional em todos os ámbitos de uso social, respeitando os direitos individuais dos falantes de quaisquer outras línguas legitimamente presentes no nosso país.
Direçom Nacional de NÓS-Unidade Popular
Galiza, 24 de outubro de 2014