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marinalva4-300x164Brasil - Ponte - Em agosto do ano passado, 100 mil pessoas foram às ruas durante a Marcha da Diversidade, em Teresina, capital do Piauí, que tem cerca de 800 mil habitantes. A cantora Daniela Mercury, que havia recentemente assumido seu amor por outra mulher, encerrou a festa de forma épica. Sair do armário em Teresina não parecia ter o mesmo peso que em 2002, primeiro ano da marcha, quando 1 mil militantes corajosos mostraram suas caras no evento.


Só que, assim como acontece em outras capitais brasileiras, a tolerância festiva e popular escondia o mal estar de uma minoria raivosa. Os sintomas começaram a despontar no primeiro semestre deste ano. Ainda em março, quando algumas mulheres preparavam a terceira edição da Marcha das Vadias (que neste ano foi batizada no Piauí como Batuque Feminista), elas passaram a receber ameaças pelas redes sociais. Comentários impublicáveis de incentivo à violência sexual foram feitos por internautas, levando a polícia a aumentar a segurança na manifestação. Não houve agressões.

Com o susto, peças começaram a se juntar. No mês anterior, cartazes espalhados em alguns pontos da cidade já convidavam interessados a ingressar na Irmandade Homofóbica, organização virtual que prega ódio aos gays, lésbicas e travestis. Até um telefone de contato foi colocado no cartaz. A ativista Marinalva Santana, uma das coordenadoras do Grupo Matizes, que desde 2002 milita na área, foi à imprensa local denunciar o perigo. Também passou a ser ameaçada nas redes sociais.

O perfil falso que fazia as acusações em nome da tal Irmandade Homofóbica usava o pseudônimo Van Pelth e a foto de um blogueiro que havia sido preso pela Polícia Federal em 2012 sob acusação de incitar crimes contra negros, gays, mulheres e comunistas, mas que atualmente se diz arrependido e não estava ligado às ações.

No começo deste mês, outra ameaça foi enviada por mensagem de celular ao presidente do Conselho Municipal LGBT de Teresina dizendo que todos os integrantes seriam eliminados.

...o Piauí é um dos estados que mais registrou assassinatos contra a população LGBT relacionados a supostas motivações de descriminação
A polícia civil vem acompanhando o caso de perto. Chegou a colher depoimentos de jovens que fizeram comentários na página da Irmandade Homofóbica contra os ativistas. Foram quebrados sigilos telefônico e do computador na internet para identificar os autores das mensagens e houve autorização da Justiça para apreensão ne computadores de suspeitos. Mas ainda faltam chegar dados complementares da perícia para se chegar a convicções mais firmes. Desde 2006, há no Piauí uma especializada em crime contra os Direitos Humanos.

O titular da delegacia, Francisco Sebastião Escórcio, afirma que este ano a violência contra a população LGBT no estado aumentou. Foram registrados no primeiro semestre 40 boletins de ocorrência por injúria, agressões e notificações de chantagens. "Estamos acompanhando de perto essas ameaças", diz.

Os militantes, no entanto, estão com receio. Entre agosto e outubro do ano passado, houve uma sequência de agressões contra travestis. O medo de muitos deles em depor prejudicou a investigação. O culpado permanece solto. Comparado a outros estados brasileiros, o Piauí fica em quinto lugar no ranking entre os estados comarinalva4m maior número de denúncias de agressões de todo tipo contra a população LGBT, segundo Relatório sobre a Violência Homofóbica no Brasil em 2012.

Segundo o mesmo relatório, o estado também é um dos que mais registrou assassinatos contra a população LGBT relacionados a supostas motivações de discriminação. Também fica entre os cinco primeiros, atrás de Paraíba e Alagoas.

Marinalva afirma que esse histórico de truculência a leva a ficar bastante preocupada com a sua segurança e com a dos demais militantes. Ela atualmente está de licença não remunerada das aulas que dava à noite. Também mudou o lugar das reuniões do grupo que coordena e evita sair à noite. Definitivamente, não é um bom ano para a causa LGBT no Piauí.

A Marcha da Diversidade deste ano, prevista para agosto, ainda enfrenta outro desafio, pela primeira vez pode deixar de ocorrer por falta de recursos, a proximidade das eleições tem atrapalhado a captação de patrocínio. "Vamos tentar fazer uma feira cultural para discutir o tema. É importante manter o assunto em pauta", diz.


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