Tem ficado evidente que a causa da falta de água em São Paulo é a falta de investimento na ampliação de mananciais. Os recursos destinados para investimento, não foram aplicados em obras de infraestrutura nem na ampliação do serviço. Para onde foi o dinheiro?
Em 2012, em investigação autorizada pela justiça, foram presos empresários e agentes públicos acusados de envolvimento em carteis e licitações fraudulentas, em concorrências publicas companhias de água e entre elas a Sabesp. A associação envolvida nessas ações é a Brasil Medição, que num acordo com esses empresários facilitava o cartel dificultando a participação das demais empresas, exigindo, por exemplo, certificados.
Encorajada, uma ex-funcionária da Sabesp denunciou a fraude nas licitações com varias outras empresas do país, que estariam envolvidas no mesmo tipo de esquema. Em 2013, ela enviou um relatório detalhado para a presidente da estatal Dilma Pena, relatando detalhes e nomes de empresas apontadas como participantes. A fraude só era possível porque a Abendi (Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos), exigia em acordo com as empresas, certificados técnicos concedidos pela Associação.
De acordo com a funcionária, esse esquema seria o responsável por uma boa parte das perdas da Sabesp, que mesmo com o investimento de 1,1 bilhão de reais não teria revertido esse quadro. Provavelmente esse dinheiro teria ido parar nas contas das empresas geridas por ex-diretores da estatal, ligados à direita. Algumas das empresas citadas ao longo do processo onde os processos de corrupção são claros: Enops Engenharia, Sanit Engenharia, Restor Comércio e Manutenção, BBL Engenharia, Opertec Engenharia, OPH Engenharia, VA Saneamento, Cobrape, Sanesi Engenharia, Etep Estudos Técnicos e Ercon Engenharia. Além da Enorsul Saneamento e Job Engenharia, participantes também no caso das Águas Claras.
Em suma, o certificado Abendi para fins de negociação, somente tinha como objetivo barrar a participação das demais empresas, e a verba destinada a reparos e perdas enriquece os acionistas que são sócios ou funcionários das empresas vencedoras das licitações, enquanto a população sofre com a seca.