Foto: Luciana Genro em debate sobre a esquerda e a crise no Brasil.
Discutindo a saída para a crise, Genro afirmou que o arruinamento da política tradicional representada por PT e PSDB, que continham o povo pelo centro, permite a radicalização das massas e uma polarização, possibilitando o crescimento das forças da “esquerda coerente” e da extrema-direita.
Neste sentido, segundo ela, não há uma ofensiva da direita, mas sim uma contra-ofensiva, “porque o avanço nos últimos anos foi da esquerda”, com conquistas do movimento LGBT, negro e feminista.
Por outro lado, o sociólogo e professor da USP Ruy Braga apontou que nos últimos anos, com a chegada do PT ao poder, houve um “amortecimento” da luta de classes, um período de relativa pacificação social apoiada pelo consentimento em alguns setores. Porém, segundo ele, esse período de passividade acabou: “saímos de uma era de pacificação para uma era de luta de classes”.
Ele citou o avanço sobre os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, como o aumento do crédito, a terceirização, o aumento do aluguel, a expulsão do centro para a periferia e o aprofundamento da mercantilização do conhecimento.
Esse cenário econômico reflete a tentativa do imperialismo estadunidense de enfrentar a crise do seu modo, impondo um “neoliberalismo 2.0”, de acordoo com o economista da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr, que também participou do debate.
“Isso se manifesta pelos imperativos do ajuste fiscal”, que quer ajustar a sociedade brasileira às exigências do grande capital, primeiro com as privatizações, e depois com o rebaixamento do nível de vida do povo brasileiro, assinalou.
Para ele, enquanto a direita ataca sem medo, a esquerda mostra-se fragmentada, mas pode começar um processo de aglutinação. “Para isso é preciso ter competência e fazer coisas diferentes”, disse. Temos que saber “quais são as tendências efetivas e entender as contradições que mobilizam a luta de classes”.
Segundo o economista, a tarefa estratégica da classe operária e o norte para a esquerda brasileira deve ser impulsionar a transformação profunda, a Revolução Brasileira. “Temos que ter a força política da Revolução”, ou seja, “não podemos cair na armadilha institucional”, afirmou. Para fazer a Revolução Brasileira é preciso superar a teoria e a prática do programa democrático-popular, organizar o povo e dotá-lo de consciência política: “isso significa superar o PT”, completou.