O presidente do Níger, Mamadou Tandja, e o seu governo foram presos por tropas rebeldes nesta quinta-feira, num golpe de estado que deixou pelo menos três soldados mortos. O golpe terá sido liderado pelo major Adamou Harouna.
Os golpistas anunciaram a suspensão da Constituição do país e a dissolução de todas as instituições As medidas constam de um comunicado lido na televisão pelo Coronel Goukoye Abdul Karimou, porta-voz da junta militar que se autodenominou Conselho Supremo para a Restauração da Democracia.
Karimou disse que os acordos do Níger com outros países serão respeitados e pediu que a comunidade internacional confie na junta.
O Níger, país produtor de urânio, é uma das nações mais pobres do mundo e desde 1999 é dirigido pelo presidente Mamadou Tandja, que deveria ter-se afastado em 2009, mas promoveu uma emenda constitucional para poder ficar, desatando uma crise política.
"O presidente Tandja e seu ajudante de campo estariam presos no quartel de Tondibia", situado a 20 km da capital, disse uma fonte ouvida pela agência France Presse.
Vários ministros estariam detidos no prédio do Conselho Superior de Comunicação, que fica próximo ao palácio presidencial.
Testemunhas contaram que três ou quatro soldados foram mortos por um obus e os seus corpos estavam num blindado destruído, estacionado na tarde desta quinta-feira diante do hospital de Niamei.
Uma fonte hospitalar declarou por sua vez ter visto "pelo menos dez militares feridos", no sector de urgência.
Segundo um diplomata francês, que preferiu não se identificar, a guarda presidencial participou do golpe. "Sabíamos que uma parte do exército desaprovava Tandja e seu golpe de força constitucional; pensávamos, até agora, que esta parte era minoria", acrescentou.
Depois de dez anos no poder, Tandja dissolveu no ano passado o parlamento e o Tribunal Constitucional e conseguiu uma polémica prorrogação de seu mandato por mais três anos.
A oposição, que boicotou esta consulta e as eleições legislativas de Outubro, denunciou um golpe de Estado. E a comunidade internacional chegou a censurar a forma de proceder do Presidente.
O Níger viveu longos períodos de regime militar após a independência da França, em 1960. É um dos países mais pobres do mundo, mas simpatizantes de Tandja argumentam que os seus dois mandatos de cinco anos trouxeram estabilidade económica ao segundo maior produtor mundial de urânio.