Nem sequer umha sentença judicial, que na passada semana obrigou a que se cumpra a Lei da Memória Histórica retirando o monumento fascista, serviu para que o suposto "socialista" viguês acedesse à reivindicaçom popular.
Abel Caballero, conhecido polas cunhas que reparte entre amigos para postos de trabalho municipais, é o único, junto ao PP, que nom vê conotaçons políticas na Cruz erguida por iniciativa da Falange como símbolo de imposiçom sobre dezenas de milhares de vítimas do genocídio franquista. No caso do tribunal que ditou setença sobre o assunto, a questom é clara: "é um testemunho presente do triunfo dos vencedores na Guerra Civil e memória da humilhaçom para os vencidos".
Com total descaramento, Caballero mostrou-se convencido de que ganhará o recurso: "95% dos recursos apresentados pola corporaçom ganhamo-los".
Mui comedidamente, a Associaçom Memória Histórica do 36 considerou "fora do razoável" a atitude do presidente da cámara, cujo partido aprovou, sob presidência de Rodríguez Zapatero, a Lei de que emana a sentença, já em 2007, reclamando que o atual líder espanhol do PSOE tome medidas para evitar que Caballero mantenha a sua atitude de desprezo polas vítimas do genocídio fascista.
Um caso isolado?
Na verdade, o caso de Vigo nom é extraordinário e dirigentes e cargos públicos do PSOE tenhem mantido e mantenhem símbolos fascistas em espaços públicos em numerosos concelhos da Galiza em que governárom ou governam, assim como durante o bipartido PSOE-BNG à frente da Junta. O caso mais conhecido foi o da Corunha, onde centenas de placas, nomes de ruas, hospitais, estátuas e todo o tipo de vestígios fôrom abertamente reivindicados por Francisco Vasques durante os seus longos anos de governo. A situaçom continuou com o seu sucessor, Javier Losada (também do PSOE) e até a atualidade, em que o governo do PP, com Carlos Negreira à cabeça, reivindica abertamente como "parte da nossa história" o lixo franquista espalhado ainda pola cidade.
A Galiza sofreu um numero ainda indeterminado de vítimas a partir do golpe de estado miiltar de 1936, que se contam por dezenas de milhares, sendo o PSOE umha das organizaçons que sofrêrom o extermínio físico da sua dirigência e militáncia. Isso nom impediu que o "novo" PSOE surgido do Congresso de Suresnes, em 1974, com Felipe González como líder, comandasse a plena integraçom no regime pós-franquista, instalando-se por completo na maquinaria de estado do novo regime democrático-burguês.
A total "instalaçom" no regime monárquico pós-franquista que se prolonga até hoje chegou, no caso do PSOE, a que ordenasse e dirigisse, a partir dos governos do próprio Felipe González, a guerra suja de bandos parapoliciais fascistas contra o independentismo basco, assim como as torturas a presas e presos políticos, incluído o independentismo galego. Vários ministros e outros altos cargos fôrom condenados por aqueles factos, conseguindo Felipe González safar-se apesar das evidências sobre a sua responsabilidade naquela etapa e a sua defesa da legitimidade da política realizada a partir "dos esgotos do Estado".
Nada de surpreendente, portanto, na atitude de Abel Cabellero, dirigente da "velha guarda" felipista. Mais surpreendentes som os pactos de governo que a alegada "oposiçom de esquerda" mantém em todo o Estado espanhol com esse partido, com destaque para Izquierda Unida e, no caso da Galiza, o BNG.
Por outra parte, a situaçom arrastada até hoje pola permanência da simbologia do fascismo nos espaços públicos galegos nom é o resto vísivel mais grave da ditadura se tivermos em conta que, quase 40 anos depois da morte do ditador, a impunidade de todo o aparelho repressor franquista é total. Umha realidade que contrasta com o sucedido na maior parte das ditaduras do cone sul latino-americano e noutros regimes ditatoriais derrocados na Europa, como o salazarista português, em que sim houvo julgamentos e condenas contra os aparelhos de poder das ditaduras.
Foto.: Cruz fascista de Vigo pintada de cor de rosa por NÓS-UP durante a prolongada campanha de retirada e denúncia de símbolos fascistas na Galiza desenvolvida anos atrás pola esquerda independentista em toda a Galiza