A 3 de julho produzia-se a entrada em vigo de um novo catálogo de medicamentos cuja intençom seria assegurar que é dispensado o medicamento mais barato disponível dentre os de caraterísticas análogas. O significado disso traduzir-se-ia na prescriçom prioritária de genéricos sobre os medicamentos equivalentes das grandes firmas farmacêuticas.
Mas apesar dos resultados a priori positivos da dita norma, os Colégios profissionais denunciam que as pressas e a vontade de aforro –ou seja, os cortes na sanidade- conduzem a que nom se estejam a respeitar as mínimas garantias de qualidade nos produtos receitados.
Quatro laboratórios sem as garantias mínimas
Segundo as agrupaçons profissionais do setor, as irregularidades focam-se nos produtos dispensados polos laboratórios Sumol, Asol, Aurobindo e Bluefish.
O Colégio de Ourense pediu, como resultado de problemas de abastecimento, garantias de fornecimento e qualidade aos ditos laboratórios. As respostas (ou falta delas) nom deixam indiferentes:
- Sumol e Asol nom respondérom as chamadas telefónicas, e o email resultou ser nom válido. Impossível comunicar-se com eles.
- Aurobindo respondeu nom ter estudo de bioequivalência –que é o que assegura a equivalência terapêutica entre um medicamento e outro- no Estado espanhol, mas apenas na Índia. Para os e as profissionais farmacêuticas isto é “irregular”, pois é o “único requisito enquanto a estudos científicos que devem fornecer”.
- Bluefish, por sua vez, respondeu “Is it possible to get this message in English, please?” [“É possível recebermos esta mensagem em Inglês, por favor?”], o que fai suspeitar o Colégio de Ourense que o laboratório nom tenham nengum/há trabalhador/a no Estado espanhol que poda entender nem, ao menos, o espanhol.
Em relaçom ao anterior, os profissionais da Corunha, Lugo e Ourense exigírom por escrito à AEMPS o fornecimento de ditos estudos de bioequivalência, assim como mecanismos de controlo de qualidade no Estado espanhol e locais e armazéns para a gestom de inspeçons.
Desabastecimentos e troca de medicamentos
Além disso, já se produzírom desabastecimentos nos produtos dos quatro laboratórios em farmácias e armazéns de venda por grosso. O grave do assunto é que a “receita eletrónica galega só permite receitar os medicamentos com preços menores –indicam- impossibilitando a substituiçom em caso de urgência ou desabastecimento”. E estes produzem-se apenas umha semana após a entrada em vigor do novo catálogo.
Estas situaçons estám levando a que as prescriçons feitas polas médicas e médicos tenham que ser modificadas nas próprias farmácias, sem conhecimento do doutor/a.
Confusom para as pessoas doentes
Como consequência dos desabastecimentos, os farmacêuticos e farmacêuticas estám a dispensar medicamentos equivalentes (assumindo que existe a bioequivalência nom provada, entretanto), mas com aspecto diferente.
Qual é a consequência disso? Nom é nem muito menos fútil: conduz à confusom na administraçom do medicamento por parte do paciente. A importáncia desse fator, especialmente num país como a Galiza com populaçom muito avelhentada, nom pode ser subestimada: se a pílula vermelha sempre foi para o coraçom e a azul para os rins, a troca de cores (azul para coraçom e vermelha para rins) conduzirá, provavelmente, ao engano na administraçom do remédio polo/a doente.
Assim, o Colégio Profissional também reclama que, polo menos, se assegure a semelhança no aspecto de produtos análogos.
O dinheiro por diante
Para o Colégio de Farmacêuticos e Farmacêuticas de Ourense as administraçons estám, ao que parece, a priorizar o aforro económico sobre qualquer outro critério. E “o efeito pode ser o contrário” –asseguram na carta.
Nom havia esse afám de poupar em tempos anteriores, quando o repasse de dinheiro para as grandes companhias farmacêuticas mediante receitas aos medicamentos mais caros (mas de tal ou qual firma ‘amiga’, quer da administraçom quer do/a médico/a em particular) nom era nem controlado. Agora sim, o dinheiro é mais importante que a saúde.
A Carta
Foto: Jangadeiro Online