Barack Obama, presidente dos EUA desde 2009, deportou mais de 2 milhões de estrangeiros nos seis anos à frente da Casa Branca. Esse é o recorde de deportações, nenhum presidente estadunidense deportou mais estrangeiros do que está fazendo Obama, apesar da reforma migratória aprovada em novembro e que entraria em vigor na semana passada.
Um juiz do Texas, em ação iniciada por 26 estados governados por republicanos, determinou a suspensão da aplicação da reforma migratória em todo o país, paralisando o projeto assinado em decreto para regularizar a situação de imigrantes "ilegais", o que não faria diferença para muitos latino-americanos que apoiaram Obama em sua reeleição em 2012, quando prometeu uma reforma completa de todo o sistema migratório e decretada apenas no final do ano passado.
Pelo menos 80% dos imigrantes vivem há mais de 10 anos nos EUA, e a reforma migratória decretada por Obama e suspensa pela Justiça beneficiaria apenas os que vivem há menos de cinco anos no país ou que têm filhos nascidos nos EUA, ou seja, uma pequena parte deles.
Por causa disso, Obama perdeu a confiança da comunidade latino-americana dos Estados Unidos. Muitos anunciaram que não votarão mais em candidatos que não estiverem realmente interessados em uma verdadeira reforma migratória.
"Há muitas deportações injustas, que não têm a ver com crimes. Pais e mães de família que não fizeram nada e estão sendo deportados", denuncia à Telesur a salvadorenha Catia Paz que, apesar de pagar impostos e cumprir todos os deveres de um cidadão estadunidense, não possui documentação e corre o risco de ser deportada, mesmo vivendo no país há 17 anos.
"Obama mente nesse quesito, porque diz que não está deportando ninguém, mas está sim. [Está deportando] pessoas inocentes que só querem bem-estar para seus filhos", completa Catia, que pode ser expulsa do país em maio deste ano.
A organizadora comunitária Wendy Jiménez também critica da mesma forma as deportações injustas de imigrantes latino-americanos que vivem e cumprem seus deveres como qualquer cidadão estadunidense. "São cidadãos americanos, que pagam seus impostos, que não têm nenhum tipo de problema com a Lei, que contribuem bastante com a comunidade, donos de casa, donos de negócios, estão sendo deportados injustamente."
O jornal mexicano La Jornada escreve em suas páginas que é evidente que as leis migratórias vigentes nos EUA são "disfuncionais e hipócritas", além de injustas, já que a economia do país precisa da força de trabalho dos imigrantes. Além disso, sua criminalização "favorece sua exploração laboral e inclusive carcerária, o que gera lucros astronômicos a patrões e corporações que veem na reforma migratória uma ameaça a seus interesses econômicos e que, consequentemente, financiam um intenso lobby no Capitólio para atacá-la".
Essa decisão de suspensão da reforma migratória "prolonga as condições de perseguição policial, agressões racistas, precarização do trabalho e marginalização e exclusão dos serviços básicos" para os imigrantes. "Desta maneira, a autoproclamada terra das oportunidades e das liberdades exibe seu rosto verdadeiro", conclui o jornal.