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091115 curGaliza - Directa - [Traduçom do Diário Liberdade] Traduzimos e disponibilizamos a entrevista realizada por Vicent Galiana para o jornal catalám Directa.


Entrevista a Aarom Curbeira, estudante de Relaçons Laborais, militante de BRIGA e um dos três estudantes que enfrenta 3 anos de prisom por um protesto estudantil contra Núñez Feijó.

A 23 de outubro de 2014, o presidente galego Alberto Núñez Feijó participava no Campus Sul da Universidade de Santiago de Compostela numha visita institucional. Às portas da Faculdade de Matemáticas esperava-o o protesto a mais de umha centena de estudantes. “Fora Feijó da USC”, rezavam os cartazes das concentradas.

Em consequência do protesto, o presidente da Junta da Galiza abandonou o recinto e suspendeu a sua visita. Momentos depois, a irrupçom de várias pessoas nom identificadas que tentárom agredir parte do estudantado ali concentrado gerou tensons e a resposta das estudantes.

Semanas depois, a Polícia espanhola detinha vários estudantes que ficariam em liberdade depois de apresentarem depoimento perante instáncias judiciais. Na próxima terça-feira, 10 de novembro, decorre o julgamento contra os três acusados. Umha campanha solidária sob o lema “9 anos de prisom por um protesto estudantil” Solidariedade com Aarom, Atanes e Mario!”, pede a sua liberdade.

Hoje entrevistamos Aarom Curbeira, estudando de Relaçons Trabalhistas, militante de BRIGA e um dos três processados.

Directa. No dia 23 de outubro de 2014, Feijó visitou a USC. O que leva o movimento estudantil a se opor à visita? Como foi essa resposta?

Naquele dia o Presidente da Junta visita a USC para inaugurar um ato de decanos de faculdades de Matemática. O movimento estudantil, consciente da sua presença, decide convocar umha concentraçom contra a sua presença na universidade pública galega. Consideramo-lo máximo responsável polas políticas de cortes na educaçom pública, tanto no ensino secundário, como na universidade e como um simples porta-voz da governaçom de Madrid na hora de aplicar a LOMQE na Galiza. A verdade é que a concentraçom foi um êxito e Feijó, ao ver o numeroso protesto, decide abandonar a Faculdade. Naquele momento, a gente concentrada abandona o recinto e é aí que o dispositivo policial agride e tenta deter várias companheiras e companheiros.

Directa. De que sodes acusados e o que há de verídico nisso?

Somos acusados dos delitos de atentado à autoridade, lesons e desordens públicas, polos quais a procuradoria pede 3 anos de prisom e a acusaçom particular 2 anos e meio a cada um de nós, mais umha multa económica em conceito de indenizaçom.

De verídico? Pouco. Os incidentes dos que somos acusados fôrom provocados pola própria polícia, quando já tinha acabado a concentraçom, atuando de forma desproporcionada contra umha concentraçom pacífica. Além disso, sem se identificarem como polícias, pois todo o dispositivo ia à paisana. Nós soubemos que aqueles agressores eram funcionários públicos policiais quando, três semanas depois, fomos detidos.

Directa. Infelizmente, começa a ser habitual que o estudantado consciente enfrente elevadas petiçons da procuradoria. Como enfrentades o julgamento?

Enfrentamo-lo com calma. Apesar das petiçons desproporcionades, enfrentá-lo doutra maneira seria, precisamente, cairmos no dramatismo que eles procuram. Com este tipo de petiçons tam elevadas, o que pretendem é acabar com os protestos sociais à base de introduzir medo e desgaste pessoal. É precisamente por isto que temos de assumi-lo com normalidade, já que, infelizmente, neste Estado a repressom sempre foi a nossa companheira de viagem.

091115 acDirecta. As mostras de solidariedade nom demorárom a chegar. sentides-vos com forças?

Sim. Desde o primeiro momento, as mostras de solidariedade tenhem sido bastante notórias. Os três acusados neste caso decidimos criar um comité pola nossa absoluçom e tornar público um comunicado explicando os factos polos quais somos acusados. Este comunicado é aberto a ser assinado por qualquer organizaçom que o desejar e já vam mais de 25 adesons de organizaçons de vários ámbitos. Além disso, está o apoio das pessoas mais próximas: as amizades, as companheiras, a família... chegam dia a dia e, realmente, dam forças. E ajudam a ver as cousas de um modo mais positivo, pois frente à injustiça e à petiçom desproporcionada, há umha grande parte da sociedade a mostrar solidariedade ativa.

Directa. Doutros territórios, tem-se a perceçom de que nos últimos anos a cara mais obscura do Estado tem ficado mais visível na Galiza. O que há de certo nisto? Como é que se vive no ativismo estudantil o aumento da repressom? As detençons recentes sobre a direçom de Causa Galiza desenham um palco difícil sobre o independentisme galego. Achades que com o denominado "entorno de", a Audiência Nacional, aponta para a ativismo estudantil?

Sim, a repressom, como já dixem antes, é sempre umha companheiro de viagem. Sobretudo para aquelas pessoas que conscientment decidimos nos organizar contra a opressió a que estamos submetidas como naçom, classe e género. Mas é verdade também que nos últimos anos a Galiza a repressom contra o independentismo tem ido em aumento. As detençons, como a dos militantes de Causa Galiza no passado dia 30 de outubro, e a ilegalizaçom da organizaçom por dous anos, som o claro exemplo da regressom do Estado espanhol em matéria de direitos fundamentais. Trata-se de criminalizar uns posicionamentos políticos e ideológicos e está claro que o estudantado, como qualquer outro setor do independentismo, nom é alheio a esta repressom, já que a simples mostra de solidariedade pode ser considerada como "enaltecimento de".

Directa. Como se vive isto no processo de construçom da Organizaçom unitária da estudantado galego? A resposta à repressom ou os métodos de agitaçom podem ser um ponto de conflito entre os agentes implicados? Por exemplo, na greve do 20 fevereiro 2014 as acçons realizadas por vários grupos de manifestantes, tanto nos piquets matutins como o longo da manifestaçom- que tinha sido convocada de maneira unitàriament, provocou discrepáncias, comunicados e confrontaçom entre organizaçons estudantis. Como se enfrenta, a partir das diferentes posiçons, a repressom? Quais conseqüências pode ter isso no processo judicial?

Pois a verdade, no nosso caso concreto, a solidariedade tem sido unánime por parte de todos os setores do movimento estudantil galego desde o primeiro momento em que fomos detidos, como agora com o julgamento. É verdade que existem diferenças táticas e metodológicas entre as diferentes organizaçons e setores, o que leva a que a repressom afete de forma diferente tanto na hora da sofrer como na de responder. Mas concordamos na análise concreta do aumento da repressom contra os movimentos sociais e políticos, o que converte em unánime a resposta ante estes casos, e como tal nom deve haver um problema na hora da mostrar na organizaçom unitária.

Directa. Num contexto como o atual, no qual as expetativas de mudança parlamentar ocupam elevadas posiçons na imaginário coletivo de umha maioria social –especialmente a Galiza depois dos resultados nas eleiçons municipais–, que mudanças poderiam produzir-se no movimento estudantil? As estudantes, geralmente mais proclives à mobilizaçom do que ao trabalho institucional, que leitura fam da institucionalizaçom da dissidència?

É verdade que na Galiza, e sobretodo depois das eleiçons municipais, se criárom umhas expetativas de certa mudança no ámbito institucional. Do meu ponto de vista, todos estes movimentos nom som mais que simples eleitoralismo. A maioria representam pactos eleitorais, entre um sector da esquerda nacional com sectores do espanholismo de esquerda, mas disfarçados de unidade popular. Digo disfarçado porque grande parte destas candidaturas som marcas eleitorais criadas poucos meses antes das eleiçons e que carecem portanto de um trabalho real por atrás. Aproveitárom o “boom” de certos partidos a nível estatal, mas esquecem-se da necessária criaçom de consciência a partir da base com uns princípios ideológicos que permitam a rutura e nom apenas umha mudança nas instituiçons.

É claro que isto também tem o seu reflexo a nível estudantil e a maioria de correntes do estudantado galego tem os seus referentes eleitorais, o que portanto também influi no trabalho unitário. Neste sentido, creio fundamental estarmos alerta perante a possibilidade de que dinámicas puramente eleitoralistas se instalem e invadam o movimento estudantil, facilitando a desmobilizaçom e a a hipnose institucionalista em que boa parte da esquerda soberanista do nosso país parece ancorada.

Evidentemente nom temos de recusar a utilidade das instituiçons, mas temos de ser conscientes das suas enormes limitaçons e mais ainda no espaço juvenil e estudantil, onde a vitalidade e a combativitade som potencialmente favoráveis a criar espaços de poder popular real, na rua, nos centros de ensino e nos lugares de trabalho. Somente aqui estará a verdadeira mudança e seria catastrófico hipotecarmos a rebeldia e energia juvenis em benefício do ilusionismo eleitoral e das grandes promessas.

concDirecta. Vive-se um agitado processo de mudança do sistema de partidos galegos. Para além da chegada de partidos estatais –Podemos ou Ciudadanos–, as Marés venhem consagrar um espaço eleitoral emergente que ocupou, nos seus inícios, a aliança de IU com parte do que, tradicionalmente, se tinha considerado esquerda soberanista que, por seu turno, parece condenar o BNG ao abismo. Sucede isto mesmo no sindicalismo estudantil? As organizaçons de implantaçom estatal conseguem expandir-se num ámbito, o galego, hegemonizado tradicionalmente por organizaçons próprias?

Nom sei se hegemonia é a palavra mais correcta, mas o que é verdade é que as organizaçons nacionais, com todas as suas diferenças, tenhem sido nas últimas décadas as organizaçons com presença claramente maioritária a Galiza e as que conseguírom mobilizar o estudantado galego em múltiplas ocasions, propiciando grandes mobilizaçons nos últimos anos.

É certo que nos últimos anos se tem detetado, nom umha ascensom das organizaçons estudantis espanholas, mas fundamentalmente umha crise do movimento estudantil galego no seu conjunto, depois de vários anos do que poderíamos qualificar como “derrotas”: a LOU, o plano Bolonha, etc. Todas elas constituírom agressons importantes que nom se dérom parado e isto tem tido o seu efeito negativo no nível de mobilizaçom.

Paralelamente, as organizaçons estudantis sobiranistas assistírom a um enfraquecimento generalizado e, apesar das importantes diferenças existentes entre todas elas, há dous anos, o clima de interlocuçom favorável propiciado por várias mudanças no seio do amplo conjunto da esquerda soberanista permitiu abrir umha unidade de açom que favoreceu a auto-organizaçom da estudantado galego e sentou as bases para o atual processo de unidade orgánica, que nom é outra cousa que umha reorganizaçom da estudantado numha nova ferramenta sob uns parámetros ideológicos de consenso, mas claros na questom nacional, social e de género.

Directa. Em frente à repressom e ao discurso do medo, o que podem oferecer as estudantes, as jovens, as precárias?

O que temos de representar às jovens é precisamente a superaçom do discurso do medo e da repressom. Temos de ser a geraçom que conscientmente avance para a rutura definitiva com o regime patriarco-capitalista que Espanha representa. Que seja capaz de se organizar e que a Galiza, ao menos, seja capaz de representar um novo tempo político na auto-organizaçom das classes populares no caminho de umha Galiza livre.

O original da entrevista em catalám pode ser consultado aqui.


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