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Mumia with Johana FernandezEstados Unidos - Diário Liberdade - [António Santos para o Diário Liberdade] Entrevista a Fernandez, coordenadora da Campanha Internacional pela Libertação de Mumia Abu-Jamal.


Mumia Abu-Jamal, o jornalista, revolucionário e preso político mais conhecido dos EUA, continua em risco de vida, depois de, no passado dia 30 de Março, ter dado entrada de emergência num hospital da Pensilvânia. Depois de 35 anos preso por um crime que não cometeu, 30 dos quais em solitária e no corredor da morte, Mumia Abu-Jamal é agora alvo de uma tentativa de execução por negligência médica. O Diário Liberdade falou com Johanna Fernandez, coordenadora da campanha internacional pela libertação de Mumia e professora de História na Universidade da Cidade de Nova Iorque.

Diário Liberdade: O que nos podes dizer sobre o atual estado de saúde de Mumia?

Johanna: Mumia continua muito fraco. A última pessoa que o visitou foi a sua esposa, Wadya Jamal. No final da semana passada, ela disse-nos que o problema de pele de Mumia continua muito mal, que os níveis de glicémia flutuam descontroladamente… que ele não está nada bem. No dia 30 de Março, Mumia dirigiu-se até à enfermaria da prisão pelo seu próprio pé, onde desmaiou e teve que ser levado de urgência para um hospital local. Naquele momento, o seu nível de glicémia registava um valor de 700mg. Estava em choque diabético. Para dar-vos uma perspectiva, o coma diabético é possível aos 800 e é potencialmente fatal. Mumia também tinha um nível de sódio de 168 - um nível tão elevado que também é potencialmente fatal. Foi internado num hospital da Pensilvânia mas, três dias depois, Mumia foi transferido de volta para a enfermaria da prisão, embora a sua glicémia ainda estivesse na escala dos duzentos/trezentos e mesmo sem ter sido observado por um especialista em diabetes. Hoje, Mumia permanece na enfermaria da prisão. Contestamos a sua transferência de volta para a mesma enfermaria que permitiu a deterioração do seu estado se saúde ao longo dos três meses em que Mumia esteve sob os seus cuidados. Acreditamos que esta crise é uma tentativa de execução de Mumia por negligência médica.

Porque é que as autoridades decidiram transferi-lo novamente para a prisão?

Acreditamos que ele foi transferido de volta para a prisão porque, durante a sua estadia no hospital, o caso estava a receber muita atenção mediática. A transferência também foi uma tentativa de matar o nosso movimento, que estava a realizar uma vigília em frente ao hospital e que, durante o seu internamento, pôde seguir mais de perto os cuidados médicos.

Quais são as vossas exigências imediatas?

Exigimos que autorizem Mumia a ser seguido por uma equipa de especialista escolhidos pela sua família e amigos. Mumia ainda não foi visto por um dermatologista, um endocrinologista e um nutricionista. Esta é una necessidade urgente e imediata.

mumia cela2Que demonstrações de solidariedade vos têm chegado?

A solidariedade tem sido avassaladora. As chamadas telefónicas para o Departamento de Correções e para a prisão têm sido constantes, vindas de pessoas de todo o mundo. Temos que manter esta pressão. E na sexta-feira passada tivemos um dia nacional de ação por Mumia com manifestações em cerca de 10 cidades americanas.

O que explica o continuado interesse mundial por Mumia?

Mumia articula as verdades desconfortáveis ​​dos nossos dias. Fala da crise dos presos políticos nos Estados Unidos, pequeno segredo sujo da nação. Mostra a centralidade do racismo no projecto do capitalismo norte-americano: o racismo desenfreado do sistema de justiça; os horrores imediatos e contagiantes da guerra; o projecto inacabado de democracia americana e também as possibilidades de uma sociedade livre, não apenas para os negros nos EUA, mas para todos, em todos os lugares.

Como é que a eleição de um presidente negro contribuiu para esse objectivo?

Rostos negros em posições altas não têm transformado a condições de opressão dos negros nos Estados Unidos. As centenas de homens e mulheres que são assassinadas anualmente às mãos da polícia são testemunho deste facto.

Qual a mensagem gostarias de deixar aos nossos leitores lusófonos?

Vivemos num mundo em crise. A única forma de avançar é através da solidariedade internacionalista. Estendemos o nosso amor e aspirações por uma nova sociedade aos nossos irmãos e irmãs lusófonos. O nosso objetivo deve ser a liberação deste sistema de opressão, exploração e guerra que nos rouba a todos a humanidade.


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