Israel não vai repassar os impostos coletados em nome da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia para a administração local até pelo menos abril de 2013. A medida punitiva, que já foi aplicada neste mês, foi prorrogada em quatro meses pelas autoridades israelenses na noite desta terça-feira (11/12) e deve desestabilizar a situação no território palestino ocupado.
Apenas em dezembro, cerca de 120 milhões de dólares foram retidos pelos oficiais israelenses e esse montante deve chegar a pelo menos 500 milhões de dólares até a normalização das relações entre os governos. A maior parte do dinheiro é utilizada pela ANP para pagar os salários de funcionários públicos que trabalham na Cisjordânia.
“Os palestinos devem esquecer o assunto, porque eles não vão receber nenhum centavo furado nestes próximos meses”, declarou o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, durante cerimônia de comemoração do Hanukka (o natal da religião judaica) na noite desta terça-feira (11/12). “Eles nos devem 1,6 bilhões shekels (o equivalente a cerca de US$423 milhões)”.
O ministro, membro do partido de direita Yisrael Beitenu, defendeu a medida e disse que Israel irá compensar a dívida da administração palestina com as empresas estatais de energia e água. Em seu pronunciamento, Lieberman ainda afirmou que o repasse pode permanecer suspenso por mais tempo, caso seja decidido pelas autoridades do país.
A retenção dos impostos coletados na Cisjordânia é uma resposta do governo israelense ao reconhecimento da Palestina como estado observador das Nações Unidas. De acordo com os oficiais, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, rompeu com os acordos de paz ao propor o novo status na Assembleia do organismo internacional no dia 31 de novembro, sem o consenso de Israel.
“Israel não está preparado para aceitar medidas unilaterais dos palestinos e qualquer um que pensa que eles vão conseguir concessões desta forma está errado", explicou Lieberman.
Não é a primeira vez que as autoridades israelenses decidem reter milhões de dólares em impostos coletados no território palestino ocupado. Em novembro do ano passado, os palestinos sofreram com a punição quando a ANP propos o reconhecimento do Estado na ONU. Em junho de 2008, a mesma medida foi tomada depois do apelo do premiê Salam Fayyad às autoridades europeias não negociarem mais com Israel.
Novos assentamentos e impossibilidade do Estado palestino
Ainda como retaliação a votação na ONU, o governo israelense decidiu dar continuidade à construção de novos assentamentos na zona E1 em Jerusalém Oriental e de 3 mil casas nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia. Caso o plano seja colocado em prática, as novas colônias devem interromper a continuidade territorial entre o norte e o sul da Cisjordânia, impossibilitando, assim, a criação do Estado palestino.
Nesta terça-feira (11/12), Abbas declarou que está considerando enviar o caso para o Tribunal Penal Internacional de Haia. “Se Israel continuar com isso, nós vamos responder utilizando todos os métosos pacíficos ao nosso alcance”, afirmou ele em uma conferência na Turquia. “Nós não vamos autorizar a construção porque é uma violação internacional de tratados, sobretudo da Quarta Convenção de Geneva”.
Por conta da votação favorável na ONU, as autoridades palestinas ganharam o direito de entrar com pedidos na Corte sem o apoio de outro país.