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EvelingRosalesVenezuela - Diário Liberdade - [Edu Montesanti] Nenhuma novidade a quem conhece minimamente o cenário político venezuelano: a oposição ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) coagiu e comprou votos nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, na qual a autodenominada Mesa de la Unidad Democrática (MUD) "triunfou" com ampla margem de votos, 112 contra 55 do Gran Polo Patriótico, da aliança governista.


Foto de Sumarium.com - A opositora Eveling de Rosales entrega dinheiro do seu carro.

No dia 9 o presidente da República Bolivariana, Nicolás Maduro, fez denúncias em seu programa En Contacto con Maduro, transmitido pela rede estatal Venezolana de Televisión, afirmando possuir provas de coação e suborno por parte de setores oposicionistas às vésperas do pleito parlamentar.

Dia 16 Jorge Rodríguez, líder da campanha eleitoral governista, e Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, repetiram as denúncias em separadas entrevistas coletivas, cumprindo o prometido pelo presidente Maduro: apresentaram o que afirmam ser apenas parte das provas.

Este vídeo apresentado por Rodríguez, também prefeito da capital federal de Caracas, envolve chamada telefônica entre Victoria Franchi Caballero, secretária de Governo (oposicionista) do Estado do Amazonas (sul do país), e um agente do mesmo governo que trabalhou de maneira encoberta na campanha.

Na conversa ficam evidenciados compra de votos e "voto assistido" a pessoas da terceira idade, cidadãos que não sabem ler nem escrever e indígenas, a fim de manipulá-los para que votassem em favor da MUD, além da contabilização de votos de pessoas falecidas. Os valores pagos variaram entre dois mil e cinco mil bolívares, segundo a gravação.

Na entrevista coletiva apresentada pela Venezolana de Televisón, o diretor de campanha disse que espera ver o que mostrarão os meios de comunicação de direita, nacionais e internacionais. "Espero que vocês, pelo menos, mostrem seu descontentamento, quero ver a CNN mostrando estas provas", ressaltou.

No mesmo dia, a secretária Franchi foi detida pelo Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (SEBIN).

No mesmo dia, o deputado Diosdado Cabello denunciou em seu programa Con el Mazo Dando áudio através do qual se comprova que ativistas dos partidos de oposição, Voluntad Popular (VP) e Primero Justicia (PJ), aliaram-se a grupos criminosos para forçar eleitores de camadas populares a votar pela MUD.

No contato telefônico, uma dirigente do VP identificada como Yelut Naspe Villacensio é ouvida tramando com outro membro do partido de direita PJ, Jose Rafael Morón, ações de grupos criminosos que coagiram a população em 6 de dezembro.

"Esses bandidos estão munidos de armas e de granadas", disse Naspe. "Aqui, o chavismo não vai ganhar em nenhum lugar, todos os distritos vão votar. (...) Eles [enviados da oposição] vão mandar em seus bairros a votar na oposição; essa é a lei aqui”, acrescentou.

O líder parlamentar revelou ainda que Naspe está ligada à denominada Operação Koala, estratégia que se utilizou de grupos criminosos, no dia das eleições, para desmobilizar eleitores dentro das comunidades no dia das eleições, além de oferecer dinheiro para que cidadãos votassem na MUD. [Os opositores] jogaram duro, aterrorizaram nossa gente, inibiram nossa gente através do medo”, disse Cabello.

Ainda no dia 16, nas redes sociais divulgou-se um vídeo que revela a prefeita de oposição da cidade de Maracaibo (oeste), Eveling Trejo, repartindo dinheiro de uma caminhonete. O esposo da prefeita, Manuel Rosales, candidato da oposição, está atualmente preso, justamente, por desvio do erário.

“De onde sai esse dinheiro? De seu salário como prefeita? Já se viu coisas como essa?”, questionou o parlamentar que, dia 10, já havia apresentado em seu program outro áudio, evidenciando compra de votos por opositores á revolução Bolivariana.

"Já ganhamos, a estratégia foi de acordo com o esperado (...) 10 'palos' para quem ... 10 'palos' para quem votar em nós, simples, goste quem gostar", disse em determinada conversa telefônica um indivíduo identificado como Alias Pollo, ao secretário-geral do partido Bandera Roja, Carlos Hermoso.

Alias disse no áudio que tinha visto o dinheiro em sacos, o qual seria distribuído entre aqueles que eles tivessem conseguido comprar votos.

Mídia de Desinformação em Massa

Após "cobertura" incompleta e distorcida de mais um pleito democrático na Venezuela, a mídia corporativa de desinformação das massas não atendeu aos apelos do presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Diosdado Cabello - o que não surpreende.

Por exemplo, o jornal diário brasileiro Folha de S. Paulo - entre os pouquíssimos dentre o monopólio da desinformação a noticiar este fato -, no dia 10 reportou que Maduro simplesmente "dizia" que a oposição teria recorrido à compra de votos, sem jamais mencionar que o presidente da República garantia ter acesso às provas do que afirmava, e que as apresentaria, como efetivamente tem feito através de seus funcionários de alto escalão.

Isso, além de todo o tradicional jogo de palavras - o que mais sabe fazer - ao longo da breve reportagem a fim de inverter o real cenário político venezuelano. Entre alguns absurdos sobre o andamento das eleições do dia 6, a Folha publicou precário mapa da Venezuela, colorido, sem nenhuma informação e com a tão clara quanto fracassada intenção de fazer parecer gráfico que, com letras garrafais, afirmava, "CRISE NAS URNAS", além de "tensões e violência", sem nenhum dado, sem nenhuma informação aos pobres consumidores de "informação" do jornalão e de seus anunciantes. Tal desserviço à opinião pública, mais um da maior promotora do Golpe Militar no Brasil em 1964 ao lado de O Globo, pode ser conferido aqui.

A realidade é que as eleições foram realizadas na mais absoluta paz (confira aqui). E, novamente desde o início da Revolução Bolivariana, com enorme participação popular (o voto não é obrigatório na Venezuela, que registra maiores participações em pleitos democráticos em todo o mundo, ao contrário do que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, onde a sociedade está, há várias décadas e cada vez mais, desacreditada com sua "democracia", inversamente proporcional à perpétua admiração da grande mídia).

Após a divulgação do resultado, que indicava sua perda em relação à maioria legislativa, o presidente Maduro foi às TVs e afirmou: "Triunfou a democracia". Apesar disso, por exemplo a revista semanal brasileira Veja, no auge do cinismo após meses alegando que haveria fraude governista contra a oposição na divulgação dos resultados, comemorou a vitória da MUD indicando, no título de mais uma pseudorreportagem, completamente vazia, carente de embasamento, que a oposição venezuelana havia driblado fraude do governo, e vencido a maioria das cadeiras parlamentares.

Sobre as atuais apresentações de provas por parte do governo bolivariano, não tem se tornado notícia e nem sequer sido merecedora da uma mínima nota de rodapé nos grandes veículo de desinformação, dentro e fora do Brasil.

Antes das eleições, tampouco os meios tradicionais de embralhamento do entendimento coletivo noticiaram que a oposição venezuelana, como de praxe, negou-se a assinar o documento de reconhecimento dos resultados de 6 de dezembro (leia reportagem, aqui), e nem os boicotes contra o sistema elétrico do país e os homicídios cometidos por esta, às vésperas das eleições (confira aqui )

A grande mídia internacional, como era de se esperar, silencia sobre mais uma entre inúmeras fraude praticada pela direita do país caribenho, postura midiática tendenciosa desde que o presidente Hugo Chávez assumiu a Presidência do país, em fevereiro de 1999.

Jamais ela noticiou, nem nestas eleições parlamentares nem nunca, as palavras do ex-presidente Jimmy Carter, um dentre os tantos observadores internacionais presentes nas eleições presidenciais de 2012, vencidas por Hugo Chávez: "De fato, dos 92 países que monitorei, posso dizer que a Venezuela possui o sistema eleitoral mais seguro do mundo".

Se por um lado não há nada surpreendente em tais práticas midiáticas quando o assunto é a Revolução Bolivariana, por outro, realmente incrível é que cidadãos ainda se pautam pelo mesmo setor midiático famoso por promover derrubada de presidentes, golpes, sabotagens, gerar ou potencializar crises, enfim, tudo isso em nome dos interesses dos Estados Unidos, onde está grande parte dos anunciantes-mantenedores da grande mídia (bancos, indústrias petrolífera e farmacêutica, e megacorporações em geral). Já dizia o filósofo que o pior cego é aquele que não quer enxergar".

Enfim, para não poucos se mostra bem mais cômodo seguir as tendências impostas pelos donos do poder.

Preguiça Intelectual

Sobre isso tudo, vale uma vez mais deixar registrado duas das tantas e tantas que a mídia comercial jamais noticiou - e nem poderia fazê-lo:

(...) O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país. Essa Missão [Embaixada dos Estados Unidos em Brasília] tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados [grifo nosso].

Telegrama confidencial enviado da Embaixada dos Estados Unidos de Brasília a Washington, em 22.12.2009, liberado por WikiLeaks em 6.2.2011.

Depois de um simpático 'bom-dia', Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.

A primeira reportagem oferecida pela 'praça' de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da 'oferta' jornalística informa que a empresa venezuelana, 'que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível' para serem 'vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano'. Uma notícia de impacto social e político.

O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.

Do jornalista Laurindo Leal Filho, em visita com alunos de faculdade de Jornalismo à reunião de pauta do Jornal Nacional em novembro de 2005.

Milhões de brasileiros, depois de tudo, ainda se comprazem, fazem a mais absoluta questão de fazer o papel de Homer na poltrona diante do show midiático diário, em detrimento da mídia realmente e crescentemente alternativa.

O consolo para a "grande família Simpson" tupiniquim é que tal privilégio não se resume às suas fronteiras - embora a preguiça intelectual local seja, incontestavelmente, bem mais crônica que em outros lados do mundo. Mas isso é outra discussão...


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