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020615 republicaGZGaliza - Diário Liberdade - Milhares de galegos e galegas voltárom a afirmar nesta segunda-feira a existência de um povo diferenciado e autoafirmado em torno do direito à existência: o direito à independência.


Foi numha dúzia de cidades e vilas que a esquerda social, sindical, cultural, feminista e política galega realizou convocatórias abertas pola República Galega, na mesma jornada e de maneira imediata ao anúncio do rei espanhol de que abdicava em favor do filho, Felipe de Bourbon, novo aspirante ao trono do Reino de Espanha.

Nom foi só na Galiza que aconteceu: um pouco por todo o Estado espanhol houvo convocatórias, mas no caso da Galiza, Catalunha e Euskal Herria, as convocatórias ficárom marcadas polo caráter soberanista e a afirmaçom nacional dos respetivos povos contra o submetimento imposto polo imperialismo espanhol.

Vigo, maior cidade operária, voltou a reunir o maior número de galegos e galegas a reclamarem a soberania e a República da Galiza. Confirmou assim a estreita vinculaçom entre a afirmaçom nacional e de classe no caso galego. As bandeiras azuis, brancas e vermelhas, "tricolor republicana galega", fôrom muito maioritárias, contrariando o "republicanismo mediático" importado dos meios televisivos espanhóis, que promocionam o enquadramento da esquerda social galega no paradigma sistémico espanhol.

Se em Vigo fôrom milhares, também a capital da Galiza, Compostela, reuniu um grande número de vizinhos e vizinhas reivindicando a República Galega através de um processo constituinte de ruptura democrática que tenha o próprio país, Galiza, como epicentro.

Corunha, Ferrol, Ourense, Ponte Vedra e Lugo reunírom centenas cada umha, milhares ao todo, enquanto Vila Garcia, Burela e Ponte Areias também se somárom à jornada nacional soberanista.

Concentraçons pró-espanholas

Também setores da esquerda sistémica, adscritas ao ámbito espanhol e atuantes na Galiza, realizárom convocatórias, em ocasions simultáneas e coincidentes com as do soberanismo, noutros casos separadas. Nesses casos, as bandeiras da II República espanhola fôrom maioritárias, explicitando a vocaçom das forças convocantes, de integraçom no projeto nacional espanhol de caráter republicano. Fòrom essas as manifestaçons presentes nos meios de comunicaçom da burguesia espanhola ou galego-espanhola imperante, empenhada em promover umha esquerda de cunho espanhol frente às tendências soberanistas hegemónicas na Catalunha e o País Basco, e com presença significativa na Galiza.

Crise de legitimidade, possível ruptura democrática

A crise evidente de legitimidade que o regime espanhol vem padecendo conduziu nesta mesma segunda-feira ao abandono do seu chefe do Estado, cuja família é alvo de açons judiciais por corrupçom e de um descrédito popular crescente.

A substituiçom do velho monarca eleito por Franco parece ser umha manobra dos poderes do Estado para tentar reconduzir a situaçom mantendo a forma monárquica de estado. Porém, tal como hoje mesmo indicou a esquerda independentista, nom é descartável que se dê mais um passo através de umha III República unitária que tente conservar o seu caráter capitalista e extremamente centralista, assim como a estabilidade para a oligarquia espanhola dominante.

Por seu turno, as forças sociais e políticas galegas situadas em parámetros soberanista declaram a sua intençom de juntar forças e somar novos segmentos para o trabalho em comum pola ruptura democrática, construindo a Naçom Galega através da autodeterminaçom que conduza ao Estado galego.

Neste dia 2 de junho vivemos mais umha jornada nesse esperançoso caminho...

Incorporamos a seguir a vídeo-crónica elaborada polos companheiros e companheiras de GZ Vídeos a partir da manifestaçom republicana de Vigo.

Foto: Concentraçom em Compostela pola República Galega. Diário Liberdade


02.06.14 às 16 horas

rey-juan-carlos-633x346Abdicou o Bourbon: Convocadas concentraçons às 20 horas pola República Galega

O rei espanhol, Juan Carlos de Bourbon, nomeado sucessor na chefia do Estado polo ditador Francisco Franco, anuncia hoje a sua abdicaçom. Um passo que nom se pode separar da crise política do regime e das suas instituiçons, a começar pola monarquia.

O conjunto de organizaçons da esquerda soberanisa e independentista galega convocou já concentraçons em diferentes localidades da Galiza pola República Galega.

02.06.14 às 11 horas

Abdica o rei espanhol: um movimento no contexto da crise do regime

[12:30] Do ámbito do soberanismo já há convocadas concentraçons, às 20h, em diversas cidades e vilas galegas para rejeitar a manobra de lavado de imagem do regime e reclamar umha República Galega:

* Corunha. Praça de Ourense, diante da Delegaçom do Governo espanhol.

* Lugo. Praça Maior, diante da Casa do Concelho.

* Ponte Vedra. Praça da Peregrina.

* Ferrol. Praça do Hino Galego.

* Ourense. Praça Maior.

* Compostela. Praça do Toural.

* Vigo. Rua do Príncipe, diante do Marco.

* Foz. Parque Conde Fontao.

* Vila Garcia. Praça da Galiza.

* Cee: Praça 8 de março

* Ponte Areias: diante do Concelho

O Presidente do governo espanhol, Mariano Rajói, anunciava esta manhá publicamente numha declaraçom institucional que o monarca espanhol lhe comunicou a sua decissom de abdicar e ceder o trono ao seu filho e herdeiro, Felipe. Rajói, que na sua breve declaraçom tentou fazer fincapé na “normalidade” em que terá lugar o passo da coroa de umha cabeça à outra, também assinalou que as Cortes espanholas deverám agora redigir e aprovar umha Lei Orgánica de Abdicaçons para estabelecer o marco em que esta se produz.

eurepublicagalega

Umha possibilidade esperada

A abdicaçom de Juan Carlos de Bourbon, que era umha hipótese baralhada nos últimos anos perante a crise da monarquia espanhola derivada da vinculaçom de membros da família real com a corrupçom e outros escándalos que danárom gravemente a sua imagem, nom se pode separar da crise política, geral, do regime nascido do pacto entre fascistas e forças da oposiçom nom rupturista (com destaque para o PCE). Um pacto que consagrou a monarquia imposta por Franco, o unitarismo espanhol, a economia de mercado, a integraçom nas estruturas imperialistas ocidentais ou a impunidade para os criminosos fascistas.

É possível que o aviso dado aos partidos dinásticos nas passadas europeias, apesar de nom supor ainda umha ameaça iminente para o domínio de PP e PSOE, tenha relaçom com esta decissom. A oligarquia espanhola necessita dar umha imagem de renovaçom que contenha e desative a mobilizaçom popular e o fortalecimento de verdadeiras alternativas de ruptura que podam questionar o próprio regime. Aliás, um resultado eleitoral, numhas eleiçons gerais espanholas, semelhante ao das europeias podria dificultar a transiçom monárquica ou fazer que esta fosse menos favorável aos interesses de Juan Carlos de Bourbon e do seu filho.

Porém, e como se comenta desde há tempo em foros políticos e mediáticos, a abdicaçom nom é a única possibilidade para a oligarquia “mover ficha” perante a crise do regime. Se este estiver em verdadeiro perigo, o sacrifício da monarquia por umha república nom é nem muito menos descartável, como tampouco o é umha saída puramente autoritária e repressiva. Todo dependerá da evoluiçom dos acontecimentos, da correlaçom de forças e das possibilidade de umha ruptura real (ao nível das naçons oprimidas e ao nível das classes populares), nom controlada polas organizaçons da esquerda reformista.

 


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