O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, dá sinais de querer avançar qualitativamente no fortalecimento do processo revolucionário, com as declarações realizadas nesta quarta-feira, 22 de maio: a criação das 'milícias operárias', como parte do corpo de defesa nacional levantado por Hugo Chávez.
O ex-operário e atual líder revolucionário fez uma proposta clara para o exercício do poder popular contra a permanente ameaça da oligarquia golpista: "Ordeno avançar, o mais rápido possível, com o estabelecimento e a organização das milícias operárias bolivarianas como parte das milícias nacionais."
O objetivo declarado será "fortalecer a aliança operária-militar", para obter um maior respeito para a classe trabalhadora como protagonista principal do processo revolucionário, segundo reconheceu Nicolás Maduro em um ato de graduação na Universidade Bolivariana de Trabalhadores Jesús Rivero, em Caracas.
O caráter do novo corpo popular armado será massivo: "Serão ainda mais respeitados se as milícias tiverem trezentos mil, um milhão, dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras uniformizados e armados, preparados para a defensa da soberania e da revolução."
A ideia responde ao desenvolvimento das milícias bolivarianas, criadas em 2005 pelo ex-presidente Chávez, como corpo de apoio às Forças Armadas para a defesa do país. Atualmente, o seu efetivo é estimado em 130 mil homens e mulheres.
Ninguém duvida que a proposta tenciona dar resposta ao desafio da extrema-direita golpista, com claros precedentes no ataque à soberania popular e à revolução em curso. A falta de reconhecimento para a vitória eleitoral da esquerda e o boicote da burguesia para provocar escassez de bens básicos, assim como uma permanente ofensiva midiática que tenta dividir o PSUV e as forças revolucionárias, indicam a vontade da direita de preparar o terreno para novos passos que permitam um novo golpe.
Diversos analistas apontam para a aposta no colapso econômico e na intoxicação midiática como via para a desestabilização do processo revolucionário. A proposta da dirigência bolivariana tenta garantir a resposta popular através da autodefesa da classe operária como eixo e garantia da derrota do fascismo e da construção do socialismo.
Juntamente com o armamento do povo, Maduro incidiu na necessidade de "construir uma cultura política em que o nosso povo tenha vocação de exercício do poder, para além das eleições (...) através das lutas".