Dando continuidade à sucessão de convocatórias contra os planos de austeridade impostos pela troika e pelos governos primeiro do PS e agora do PSD-CDS, hoje a principal central sindical portuguesa encheu o Terreiro do Paço. Ali, Arménio Carlos, secretário-geral da Intersindical, declarou que "o povo está a perder o medo" e avançou uma próxima convocatória de greve geral, que está ainda por decidir mas provavelmente seja marcada na reunião do Conselho Extraordinário da CGTP em 3 de outubro e que seja para antes de o ano acabar.
A mobilização começou a partir das 15 horas, mas durante toda a tarde não deixaram de chegar mais e mais pessoas, que encheram também as ruas próximas, nomeadamente a rua do Ouro e a rua Augusta, e reclamaram unanimemente a demissão do governo direitista que preside Passos Coelho.
A cedência do governo ao movimento de massas, anulando as alterações à Taxa Social Única que tinham sido anunciadas, não foi suficiente para desativar o protesto generalizado contra as medidas antipopulares impostas por ordem da Troika ao povo português.
O líder da CGTP reafirmou que não irá permitir que "nem mais um cêntimo" seja tirado aos salários nem às pensões e Arménio Carlos reclamou que seja o capital que assuma os pagamentos relacionados com o resgate solicitado pelo governo português e que está a cair sobre as costas da classe trabalhadora.
Arménio Carlos reafirmou reivindicações como a criação de um escalão acima dos 33% que permita receitas de mil milhões de euros, o aumento em 10% dos rendimentos dos grandes acionistas das Sociedades Gestoras de Participações Sociais, que suporia 1.600 milhões, e um reforço da fiscalização tributária, que permitiria arrecadar 1.100 milhões. Denunciou que o Estado está a ser posto "ao serviço do capital" e acrescentou que "é tempo de ir às fortunas colossais dos que têm engordado à custa do povo e do país. Isto tem de ser mudado radicalmente e quanto mais depressa melhor. Agora é altura de o capital pagar". Entre os aplausos de milhares de pessoas, proclamou: "É tempo de taxar o capital".
Diferentes setores em luta confluíram hoje na capital lisboeta num único grito contra as políticas de austeridade: Trabalhadores e trabalhadoras da RTP contra a privatização dos canais públicos, pessoal da saúde a rejeitar "o negócio" que está a ser feito com um setor fundamental como esse, assim como populações contrárias à extinção das juntas de freguesia, entre outros coletivos.
A de hoje terá sido uma das maiores mobilizações dos últimos anos da CGTP em Lisboa.
Mostramos a seguir a galeria de imagens realizadas pelo companheiro Luís Nunes para o Diário Liberdade: