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291212 latuffIsrael - Vermelho - O cartunista brasileiro Carlos Latuff, autor de ilustrações críticas ao governo de Israel, por conta dos ataques aos palestinos, reagiu à divulgação, na quinta-feira (27), de uma lista de dez organizações ou pessoas supostamente mais antissemitas do mundo, feita por uma organização israelense, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Simón Wiesenthal. "Não chega a surpreender.


A tentativa de associar críticas ao estado de Israel com antissemitismo já vem de longe", declara Latuff em seu Twitter.

Latuff também se posicionou na rede social Facebook, publicando um texto (abaixo). Ele aparece como terceiro colocado da lista, juntamente com uma de suas charges em que retrata o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tirando proveito eleitoral com dos bombardeios a faixa de Gaza. Em primeiro lugar está o líder Mohammed Badie, guia espiritual do partido islâmico egípcio Irmandade Muçulmana, e, em segundo, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

Para o cartunista estar na lista é motivo de orgulho: "Sim, me orgulho que estes ataques não venham da esquerda israelense e sim de uma organização que defende as politicas de Israel."

Na quarta posição do ranking estão torcedores do futebol europeu por seus cantos contra a equipe do Tottenham Hotspur, que tem sede no tradicional bairro judeu de Londres. "Em uma recente partida contra o West Ham United alguns cantaram 'Adolf Hilter vem aí e vai ter câmara de gás", imitando o ruído do gás fluindo.

Alguns partidos políticos também integram a lista como o partido ucraniano de direita Liberdade (Svoboda); o partido grego nacional socialista Amanhecer Dourado e o partido de extrema direita húngaro Jobbik.

Confira abaixo a lista completa:

1. Mohammed Badie, líder político
2. Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã
3. Carlos Latuff, cartunista
4. Membros de torcidas de times de futebol europeus
5. Partido Svoboda, da Ucrânia
6. Partido Amanhecer Dourado, da Grécia
7. Partido Jobbik, da Hungria
8. Trond Ali Linstad, ativista
9. Jakob Augstein, jornalista
10. Louis Farrakhan, ativista

No final desta manhã, Latuff publicou um texto nas redes sociais em resposta às acusações, em que faz questão de ressaltar a diferença entre fazer ataques ao governo israelense e ter ódio ao povo judeu.

"Crítica ou mesmo ataque a entidade política chamada Israel não é ódio aos judeus porque o governo israelense NÃO representa o povo judeu, assim como nenhum governo representa a totalidade de seu povo. Essa não foi a primeira e nem será a última vez que tal incidente acontece, e por entender que tais acusações são orquestradas por quem apoia a colonização da Palestina, seguirei com minha solidariedade ao povo palestino", afirma.

Íntegra da resposta de Latuff ao relatório do Centro Simon Wiesenthal que me acusa de ser o "3° maior antissemita do mundo":

Recebo com tranquilidade a citação de meu nome numa lista dos "10 mais antissemitas" pelo Centro Simon Wiesenthal. A organização, que leva o nome de um célebre caçador de nazistas, sob o argumento da proteção aos direitos humanos e combate ao antissemitismo, promove a agenda da política israelense.

A minha charge que acompanha o relatório mostra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tirando proveito eleitoral dos recentes bombardeios a faixa de Gaza (o ataque foi realizado a 2 meses das eleições em Israel). Em novembro desse ano, o rabino Marvin Hiers, fundador do Centro Simon Wiesenthal, me acusou publicamente na Internet de ser "pior que antissemita" por fazer tal crítica através do desenho.

Não é por acaso que meu nome foi citado junto com o de diversos extremistas e racistas. É uma estratégia do lobby pró-Israel associar de maneira maliciosa críticas ao estado de Israel com ódio racial/religioso, numa tentativa de criminalizar a dissidência.

Crítica ou mesmo ataque a entidade política chamada Israel não é ódio aos judeus porque o governo israelense NÃO representa o povo judeu, assim como nenhum governo representa a totalidade de seu povo. Essa não foi a primeira e nem será a última vez que tal incidente acontece, e por entender que tais acusações são orquestradas por quem apoia a colonização da Palestina, seguirei com minha solidariedade ao povo palestino.

Carlos Latuff
Rio de Janeiro
28 de dezembro de 2012


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