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mdrVenezuela - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta, de Caracas] “Eu não irei entregar a nossa revolução em circunstância alguma. E quando digo eu, eu digo nós, digo nosso povo, digo nossa Pátria”, afirmou Maduro.


Foto: AVN

Resumo do discurso de Nicolás Maduro pronunciado no encerramento da sessão do Terceiro Congresso Extraordinário do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), que aconteceu na quinta-feira, 10 de dezembro de 2015.

“Estamos na presença de uma crise contrarrevolucionária”

Estamos na presença de uma crise contrarrevolucionária que já aconteceu em outros processos revolucionários e progressistas. Principalmente na Guatemala, com o golpe de Estado contra Jacobo Arbenz em 1954, que deixou um saldo de 300 mil mortos. O golpe de Estado no Brasil em 1964. Na Nicarágua, no dia 19 de julho de 1979, a FSLN [Frente Sandinista de Libertação Nacional] encabeçava a tomada do poder, mas acabou perdendo as eleições para a direita, que governou durante 17 anos, até Daniel Ortega ter voltado por meio das eleições. Vários outros processos também foram abortados, como o golpe de Estado sangrento em Chile, contra o governo de Salvador Allende, de 1973.

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Somos vítimas de um modelo de golpe contínuo. Essa direita se prepara para esse golpe.

No dia 10 de dezembro, eu ia para o Palácio Miraflores e me falaram que havia milhares de cidadãos impedindo a entrada pela porta principal. Me encontrei com os movimentos sociais em apoio à Revolução Bolivariana, com muito entusiasmo de luta.

O movimento popular está em assembleia permanente.

“Se esgotou o modelo rentista petroleiro”

Se esgotou o modelo rentista petroleiro e o aumento da produção. Mas o novo modelo não foi colocado em pé.

Neste ano, a queda dos ingressos em dólares foi de 68%. O preço do barril caiu para US$ 30 no dia 10 de dezembro. Nenhum dos programas sociais foi parado. Foram pagos US$ 14 bilhões da dívida pública. No ano passado, foram US$ 13 bilhões.

Temos problemas no mercado financeiro, por exemplo, em relação ao refinanciamento. Há três anos que a Venezuela não consegue refinanciar a dívida por causa do risco país imposto pelas agências de risco.

Em outubro do ano passado, pagamos US$ 5,2 bilhões. Apesar de termos pago, aumentaram o nosso risco.

Têm havido os ataques contra a nossa moeda.

Boicote interno da distribuição, comercialização e preços. Houve o caso escandaloso dos ovos, mas isso acontece em todos os setores para destruir o modelo da Revolução Bolivariana. É uma luta de classes entre a elite anti pátria e o povo.

Mas também há a burocratização e a corrupção que tem sofrido a nossa liderança perante o nosso povo.

“A direita acha que, a partir da Assembleia Nacional, irá privatizar Venezuela. Eu não irei permitir isso como chefe de Estado.”

Agora a direita tentará dar o golpe contra a pátria. De acordo ao poder, a MUD está dividindo o poder.

A direita quer privatizar a PDVSA, botar uma boa parte dos trabalhadores na rua e entregar as empresas públicas para os grandes capitalistas. Os três milhões de aposentados seriam um peso muito grande para o país.

Aconteceram ataques no setor elétrico. Houve a tentativa de assassinatos por bandas criminosas.

A direita acha que, a partir da Assembleia Nacional, irá privatizar a Venezuela.

Eu não irei permitir como chefe de Estado. Mas chamo a todas as forças revolucionárias a resistir.

“Nós estamos burocratizados”

Precisamos renovar muitas coisas. O primeiro é a economia.

Há muitas críticas ao governo nos métodos de funcionamento. Eu quero propostas.

Precisamos ter uma metodologia de trabalho e de controle, seguimento contínuo.

O espontaneísmo e a improvisação é o mais anti-chavista que há.

O que devemos fazer para impulsionar a economia?

Ainda temos pendente a fundação de 400 bases de projetos sociais. Mas precisamos ampliá-las para mais de 1.000. Ao Poder Popular, ao GPP e ao PSUV lhe cabe acompanhá-las e fazê-las eficientes e autossustentáveis.

Economia, governo popular e Partido. A direção nacional e as direções regionais colocaram os cargos à ordem para imediatamente reativar as direções.

Direção coletiva com visão revolucionária, sem métodos burocráticos. Consultar as UBCHs (Unidades de Base Chavistas).

Há uma crítica do nosso povo a uma atitude sectária, ‘hegemonizista’, egocêntrica, em primeiro lugar nos chefes do Partido e do Estado. Os que chegam ao poder pretendem se favorecer. Há uma visão colonialista do movimento popular, que é usado para interesses próprios.

Precisamos de humildade, inclusive das críticas mais duras. Precisamos retomar os ensinamentos de Chávez para irmos à retomada do ímpeto revolucionário. As três R's ao quadrado devem ser assumidas como matriz de trabalho: Revisão, Retificação e Reimpulso. Repolarizar (que o povo veja os inimigos e os amigos verdadeiros), Repolitizar a gestão e a ação para o objetivo maior, a Reunificação. Hoje estamos mais unidos na luta.

Exemplos de burocratismo na entrega dos tablets para os universitário e na entrega dos taxis.

Há uma burocratização e elitização. O poder de liderança do povo tem se desgastado.

“Esta é uma revolução democrática e pacífica, precisamos do poder eleitoral”

A política é comunicação, mas temos setores cinzas onde não nos comunicamos.

Nós temos o poder do Partido, do GPP e dos movimentos sociais. Mas como esta é uma revolução democrática e pacífica, precisamos do poder eleitoral, permanentemente renovado. Precisamos provocar um conjunto de ações políticas e de liderança para levarmos o processo a uma supremacia de 60-40%, com a nossa superioridade novamente.

Precisamos de uma nova liderança de base.

A falta de distribuição do nosso jornal, o 4F, é mais um sintoma do nosso burocratismo. Precisamos de uma nova prática política. Eu tinha o sonho de ter dez mil distribuidores do jornal, que vivam dele, que o levem às famílias, ao povo.

O trabalho político é a escola. Nós estamos burocratizados.

“Precisamos mudar o discurso político para combater o antichavismo, a propaganda da direita”

A direita baseia sua campanha política no marketing. A nós em janeiro nos pegaram com as filas. A Cristina Kirchner lhe provocaram uma emboscada acusando-a de participação num assassinato [caso Nisman]. Ataques contra mim, contra Diosdado [Cabello], contra os governadores. E depois vão desmoralizando o restante do país.

A direita não diz que é de centro-direita. Todos dizem que são de centro-esquerda e, uma parte, até chavista. Eles até falaram que Chávez era bom, que o ruim era Maduro. Enquanto isso, nós ficamos com o discurso antigo.

Precisamos dizer as verdades para que cheguem ao povo. Precisamos mudar o discurso político para combater o antichavismo, a propaganda da direita.

As demonstrações de intolerância após a derrota eleitoral foram mínimas.

Precisamos renovar a nossa comunicação, o discurso, a forma, o conteúdo, os meios. Na campanha, deixamos de fazer o trabalho com as nossas próprias mãos. Contratamos para fazer os materiais, para levá-los, para colá-los. Isso é muito indicativo. Em vários lugares que eu cheguei, não havia cartazes nas ruas.

“A tragédia de Bolívar não deve se repetir para que venham 200 anos de dominação imperialista”

“Não é tempo de coabitação com a burguesia e a dominação fascista, nem com o imperialismo”

Hoje, 10 de dezembro [de 2015], estamos fazendo 185 anos da última proclama do Libertador Simon Bolívar, ditada em Santa Marta. Ele sabia que estava no final. Tínhamos perdido Sucre e não tínhamos um exército para defender a luta pela libertação: “Meus inimigos abusaram da vossa credulidade e afetaram o que é mais sagrado, meu amor à Pátria e minha imagem. ... Eu os perdoo.” Quantas traições. Mas o nosso exército não foi destruído, está intacto. Temos o nosso Partido, o Poder Popular, o nosso trabalho nos movimentos sociais.

Em 1812, Bolívar disse: “É preciso que o governo se identifique com o caráter das circunstâncias e dos homens que o rodeiam. ... Mas se são calamitosos e turbulentos, eles devem amar-se para enfrentá-los e armar-se de uma firmeza igual aos perigos”. Não é tempo de coabitação com a burguesia e a dominação fascista, nem com o imperialismo.

29 anos depois, 10 de dezembro de 1859, de novo o caminho da vitória. Em Santa Inés, veio a vitória contra a ditadura de Paes. Mas, 30 dias depois, se perdeu a vitória novamente, até o triunfo da Revolução Bolivariana.

O 4 de fevereiro 1992 [tentativa de golpe de Estado liderada por Hugo Chávez] tem um espírito. O 13 de abril de 2002 [golpe de Estado promovido pela direita contra o governo eleito de Hugo Chávez] tem um espírito, que se soma ao 27 de fevereiro de 1989 [Caracazo]. Nós somos os filhos dessas datas. E como filhos da história precisamos nos preparar com paciência e perseverança. A Pátria não se entrega. Seria uma traição.

A tragédia de Bolívar não deve se repetir para que venham 200 anos de dominação imperialista. Devemos ir ao encontro da nova história que deve despertar um novo tempo.

Vamos a novas batalhas com o espírito. Triunfar, triunfar, triunfar pelo povo da Venezuela.

“Criar o ‘plano da contraofensiva revolucionária’ para o próximo ano, nos terrenos econômico, político, militar”

Eu pedi ajuda ao GPP e ao movimento popular. Eu peço ao povo. Eu estou pensando na reestruturação para que seja um necessário de renovação conectado com as necessidades do país.

Agenda estratégica para a contraofensiva revolucionária que considere o governo, o Partido, os movimentos populares e a comunicação.

Eu não irei entregar nossa revolução sob nenhuma circunstância. E quando digo eu, eu digo nós, digo nosso povo, digo a Pátria.

Propostas:

0 -

A partir de janeiro, um novo modelo de eficiência das ruas para 2016, 2017, 2018.

1 -

Economia:

Na quarta-feira, 16 de dezembro, criar o Congresso Econômico Socialista para o Desenvolvimento Produtivo, que decidimos no Congresso passado, mas ficou no papel. O objetivo seria instalar um Conselho Econômico para combater a guerra econômica e também combater a burocracia e a corrupção.

2 -

O mercado comunal foi tomado com uma visão assistencialista ao invés de ter sido uma visão produtiva.

3 -

Precisamos de uma nova forma de produção que rompa com a renda petroleira.

A Venezuela está em boas condições para ser um país exportador.

É preciso impulsionar um desenvolvimento industrial próprio agora, que quebre com a renda petroleira.

4 -

Na quinta-feira, 17 de dezembro, com um documento elaborado após consulta com as bases do PSUV, as UBCHs e o Poder Popular, vamos trazer propostas concretas com a nova metodologia [para uma nova sessão extraordinária do PSUV].

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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