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270713 vomitivoGaliza - Diário Liberdade - [Atualizado à 01h30 de 27 de julho de 2013] 2.800 milhons de euros é o dinheiro em jogo na licitaçom das obras do comboio de alta velocidade que unirá as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, à qual aspira um consórcio espanhol e que será decidida em setembro. Entre os critérios de seleçom, figura a exclusom de qualquer companhia responsabilizada por um acidente fatal nos últimos cinco anos.


O gravíssivo acidente da capital galega neste 24 de julho pom em risco o negócio de um consórcio empresarial espanhol auspiciado polo governo do PP e formado por Ineco, Indra e Adif, empresas de engenharia civil especializadas na construçom de comboios de alta velocidade.

A ministra espanhola do Fomento, Ana Pastor, acompanhou representantes do consórcio no passado mês de maio ao Brasil para apresentar o projeto, ao qual concorrem unidas diferentes empresas para tentar ganhar um contrato garantido por dinheiro público em parceria com as principais firmas privadas do setor.

A pouco mais de um mês de que a decisom seja tomada polas autoridades brasileiras, o acidente de Compostela pode ter importantes implicaçons, já que um dos requisitos fundamentais para ter opçons é nom ter tido acidentes causados por falhas técnicas durante a década anterior à assinatura do contrato.

Essa pode ser umha das chaves para que o maquinista do Alvia s730 se tenha convertido no alvo dos grandes meios de comunicaçom burgueses, da polícia, do governo, Renfe e Adif (umha das empresas do referido consórcio), que poderám estar a construir um bode expiatório que permita manter opçons de negócio no Brasil ao consórcio patrocinado polo governo de Mariano Rajoi.

A acusaçom mediática contra o trabalhador (evidente no El País, El Mundo, Abc, Cope, etc) está a construir-se em torno da suposta queda pola velocidade do maquinista monfortino que guiava o comboio, incluindo umha foto e um comentário fora de contexto publicado numha rede social e alusiva à velocidade do Alvia. Também o governo espanhol, através da sua ministra do Fomento Ana Pastor, apontou rápida e diretamente para o erro humano, apesar de nom haver evidências disso: "Os que manejam um comboio devem ater-se aos protocolos", declarou em referência ao trabalhador que guiava o comboio acidentado. Adif e Renfe nom domorárom a aderir à campanha, apesar de nom apontarem argumentos de peso que justifiquem tal acusaçom.

Para além doutras consideraçons, a posiçom dos opinadores a soldo das principais corporaçons mediáticas espanholas volta a mostrar qual é o seu papel, perfeitamente enquadrados ao serviço das necessidades do grande capital, proprietário das empresas ditas "de informaçom" que dominam o panoráma mediático na Galiza e no Estado espanhol.

"Trabalhador sensato", segundo os colegas de profissom

Os ataques irracionais e carentes de qualquer base técnica por parte de tertulianos e opinadores profissionais em rádios e televisons contrastam com a opiniom dos colegas de profissom de Francisco José Garzón, que o definem como "sensato" no exercício do seu labor profissional, contando aliás com anos de experiência e um bom conhecimento do traçado da curva da Grandeira.

Também contrastam com a campanha mediática contra o maquinista as opinions, essas sim, fundamentadas, de vários engenheiros civis que afirmárom sem lugar a dúvidas que é umha sucessom de falhas técnicas o que explicará o acidente, com destaque para a ausência do controlo permanente e automático de velocidade que deveria existir especialmente no lugar do sinistro, por ser umha curva apertada. De facto, esse sistema europeu (chamado RTMS) sim existe no percurso completo em linhas espanholas como a Madrid-Sevilha ou Madrid-Barcelona, tornando impossível nessas linhas um acidente como o acontecido na capital galega.

A ausência do RTMS somada a umha eventual falha no sistema de controlo pontual (ASFA) poderia explicar o sinistro, questionando seriamente a segurança do transporte ferroviário de alta velocidade que as empresas e instituiçons espanholas aplicam em determinados territórios, neste caso na Galiza.

Família Real, presidentes e outros políticos do PP aproveitam para tentar lavar a imagem

Os responsáveis políticos pola segurança ferroviária na Galiza nom duvidárom em acompanhar diferentes membros da Família Real espanhola, que visitárom o hospital onde se encontram as vítimas e colocárom-se à frente das equipas de resgate para a "foto de família".

A operaçom de imagem ameaça com continuar durante os próximos dias, sem que ainda se tenha produzido a esperável reaçom do povo. Os responsáveis institucionais e políticos polo transporte no Estado espanhol (do qual ainda fai parte a Galiza) ainda nom dérom qualquer explicaçom ou esclarecimento dos factos, nem anunciárom a exigível investigaçom, independente do Ministério de Fomento, que deveria determinar com precisom as falhas e, a partir daí, permitisse reclamar responsabilidades penais e políticas concretas polo acontecido em Compostela. 


 

260713 acidentecompEngenheiro civil deteta falhas no controlo e reclama investigaçom independente do acidente

[Atualizado às 00h30 de 26 de julho de 2013] Quando parece confirmado que o Alvia s730 que tivo o acidente em Compostela viajava acima da velocidade permitida na curva onde descarrilou, um técnico aponta para as causas do sinistro, enquanto reclama umha investigaçom independente.

Ricard Riol, engenheiro civil especializado em obras públicas e presidente da Associaçom para a Promoçom do Transporte Público, analisou no canal televisivo Euronews as circunstáncias do acidente, concluindo que os principais fatores fôrom a falta de controlo permanente da velocidade e a deficiente sinalizaçom da curva.

O comboio acidentado é um comboio rápido, mas nom um comboio de alta velocidade, o que lhe permite atingir velocidades um bocado inferiores, de até 250 quilómetros, podendo circular tanto nas linhas de alta velocidade como nas convencionais.

Normalmente, nom seria possível o comboio aproximar-se de umha curva apertada com velocidade limitada a 80 km/h aos 180-190 km/h que se atribuem ao Alvia descarrilado em Compostela. Riol pujo como exemplo as linhas Madrid-Barcelona ou Madrid-Sevilha, para explicar que aí nom teria acontecido, por contarem com vigiláncia permanente da velocidade em forma de sistema de controlo da mesma.

Porém, nos comboios rápidos que circulam pola Galiza nom funciona esse sistema de máxima segurança no controlo permanente da velocidade em todos os trajetos. Em lugar disso, alternam com um sistema de mediçom e controlo pontual, através de um sistema automático que controla o comboio quando passa por cima de um detetor na via, e nom durante todo o trajeto como sim sucede nos AVE/TGV.

Assim, nom se consegue garantir que a velocidade máxima seja sempre inferior à autorizada, ficando umha margem ampla para o incumprimento da velocidade, que está na origem do acidente de ontem na capital galega. Com o sistema europeu RTMS de supervisom permanente, os comboios que ultrapassam essa velocidade som imediatamente travados. Assim acontece em todas as linhas de alta velocidade, inclusive no troço Ourense-Compostela... até 3 km antes da estaçom, em que é substituído polo sistema de mediçom pontual.

Ricard Riol acredita que a ausência desse sistema de segurança explica o acidente de Compostela, mais do que o traçado com umha curva apertada, já que existem outras linhas com curvas desse tipo. "O grave -afirma Riol- é que essa curva nom esteja protegida com um sistema de sinalizaçom contínua que controle o comboio em permanência e nom apenas com deteçons pontuais na via".

O sistema de segurança deve ser flexível e adaptar-se às condiçons do traçado, algo que nom acontece no ponto em que se produziu o terrível acidente de ontem em Compostela.

Quanto ao estudo a fundo das causas do sinistro, o engenheiro catalám reclama umha "investigaçom plural e independente", para além da que poda fazer o Ministério espanhol do Fomento. O exemplo seria a realizada no caso do acidente do comboio Limoges-Paris neste mesmo mês. Só assim se garantiria aprender dos erros e evitá-los no futuro, tendo em conta que normalmente som vários os erros consecutivos que produzem um acidente.

Riol reclamou ainda o melhoramento dos sistemas de proteçom nos combios rápidos e de alta velocidade, incluindo umha revisom imediata dos protocolos de segurança e controlo de velocidade, mesmo detendo a construçom de novas linhas até garantir a segurança.

Campanha mediática contra o maquinista em andamento

Contrastando com a versom dos especialistas, os grandes meios burgueses e oficiais apontam para o trabalhador que conduzia o comboio como responsável único do acidente, mesmo divulgando supostas "provas" do seu gosto pola velocidade no passado.

Opinadores e tertulianos de diversos meios coincidem em atacar tanto o condutor como o sindicato de maquinistas, colaborando assim na orientaçom da opiniom pública por fora de qualquer reclamaçom de responsabilidades políticas para quem permitiu que o comboio circulasse sem as devidas garantias técnicas.

Nengum desses meios fijo o seu papel informativo com responsabilidade social, evitando ir ao fundo do assunto e dedicando-se a divulgar imagens "de impacto" sobre o acidente, sem qualquer respeito polas vítimas e polas suas famílias. 


 

Foto - EFE - Acidente em Compsotela80 mortes confirmadas em trágico acidente de comboio que enluta o Dia da Pátria Galega

[Atualizado às 17:55] Todos os atos deste Dia da Pátria suspendidos pola primeira vez na história. Excesso de velocidade foi a causa do acidente.

Um comboio Álvia que ligava a Galiza com a Espanha sofreu na tarde de ontem um terrível acidente. As causa apontada por várias testemunhas seria o suposto excesso de velocidade que levaria à locomotiva a emborcar numha curva no lugar de Angrois, a apenas quatro quilómetros da capital.

As mortes confirmadas já atingem às 80, enquanto 130 pessoas estám feridas, algumhas em estado crítico. A total destruiçom e bloqueio de alguns dos vagons fijo com que o número inicial de mortes confirmadas crescesse imparável na medida em que as equipas de bombeiros acediam às diferentes partes do comboio.

Entretanto, todo aponta ao excesso de velocidade do comboio como causa do descarrilamento. O maquinista admitiu ir a 190 km/h numha zona em que a máxima velocidade permitida era de 80 km/h. Isso fijo com que os vagons voassem vários metros sobre as trilhas e emborcaram, incendiando-se posteriormente alguns deles.

Manifestaçons independentistas e soberanistas canceladas pola 1ª vez na história

O Bloco Nacionalista Galego (BNG), Nós-Unidade Popular (Nós-UP) e Causa Galiza informárom da suspensom, por primeira vez na história da Galiza, das manifestaçons patrióticas e atos previstos dia 25 de julho, Dia da Pátria Galega, ao meio-dia. Também Anova suspendeu o seu ato político de hoje, igual do que a totalidade das forças nacionalistas do país. O BNG anunciou a sua intençom de celebrar a manifestaçom noutro momento.

Na noite do dia 24, tanto os concertos de Briga como o festival de Galiza Nova fôrom suspendidos polas organizaçons convocantes. Para além dos atos centrais destas duas organizaçons juvenis também a organizaçom local Candidatura do Povo decidiu anular a programaçom agendada para hoje. Por seu turno, todos os atos institucionais também fôrom cancelados, nom apenas para a noite de dia 24, mas também para dia 25 e para toda a semana.

Em definitivo, um Dia da Pátria sem qualquer ato político ou doutro tipo desde que ontem concluíra a histórica manifestaçom juvenil pola independência.

Ministério do Interior espanhol fala em acidente enquanto meios da ultradireita sugerem ou falam abertamente em atentado independentista

O facto de o maquinista sobreviver e admitir o excesso de velocidade diante dos meios de comunicaçom frustrou as teses iniciais da ultradireita espanhola, ansiosa por atribuir o acontecido ao independentismo galego.

Através do twitter, o Ministério do Interior espanhol afirmou que o desastre foi um acidente. No entanto, alguns meios como La Voz de Galicia, na sua linha habitual de distorçom, diziam na madrugada passada que a vizinhança do lugar "difieren entre una explosión previa y la alta velocidad del convoy". Essa é a ética do meio corunhês nestes duros momentos para o povo galego.

O ABC dizia inicialmente que "Dos jóvenes del lugar del atentado fueron los primeros en auxiliar a las víctimas" (umha manchete que o diário madrileno apagou posteriormente, mas cujo rasto pode seguir-se nas redes sociais). Intereconomia dijo nos momentos iniciais que houvera um atentado de Resistência Galega em colaboraçom com ETA.

Outros grupos espanhóis entram no delírio absoluto. Por exemplo, o Mediterraneo Digital cita um alegado documento confidencial da Guarda Civil em que se advertia de eventuais atentados nesta data. Alerta Digital tem como principal manchete na manhá deste dia 25 a frase "¿Accidente o atentado?". Nom som necessários comentários.

Necessidade de sangue, pessoal sanitário e apoio às vítimas

Na seqüência do acidente estám a ser solicitadas doaçons de sangue do grupo 0- e doadores habituais. Os números de informaçom para as vítimas som 900101660, 981551100, 981543060 e 981542993. Também se pede ao pessoal sanitário que vaia aos centros hospitalares para atender as pessoas vitimadas.

 


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