SOS pela trégua
Alertamos as nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a grave situação.
Desde o dia 20 de dezembro setores guerreiristas não cessaram em seu empenho de sabotar a trégua unilateral e o processo de paz, atuando a partir da institucionalidade do Estado e do comando do Exército em particular.
Em todo o território nacional se intensifica a ofensiva militar. A introdução de tropas acompanhada de bombardeios, desembarques e ataques, ocasionaram, até a data, a morte de seis guerrilheiros, seis feridos, dois capturados, e também o lamentável saldo de 14 militares mortos e cinco feridos.
Presidente Santos: em meio a um processo que busca a reconciliação, é incoerente provocar dessa maneira o reinício do fogo e o ataque à infraestrutura econômica do Estado, ao invés de propiciar o silenciamento dos fuzis. Tal irresponsabilidade piorou o ambiente, fazendo cada vez mais insustentável o cessar-fogo unilateral.
No [departamento de] Chocó suas tropas, senhor Presidente, estão distribuindo panfletos com as fotos de nossos porta-vozes de Paz, incitando a deserção dos guerrilheiros com a falácia de que seus comandantes se encontram de férias em Havana. Ao invés de distribuir propaganda suja, e de perseguir e assassinar líderes populares, façam algo para gerar condições favoráveis à paz. Não custa nada responder à guerrilha com reciprocidade e grandeza.
Você rechaçou o cessar-fogo bilateral alegando que a guerrilha utiliza as tréguas para se fortalecer política e militarmente, mas o que estamos vendo é que é o exército quem está aproveitando o cesse unilateral de nossas ações ofensivas, para tirar vantagem militar, como a de patrulhar tranquilamente em áreas onde não podia fazê-lo, pela presença de uma guerrilha combativa.
Ao mesmo tempo em que alertamos às nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a grave situação, lançamos um SOS ao movimento social e popular da Colômbia, à Frente Ampla pela Paz, aos povos e países amigos, para que defendam este processo e exijam o fim da provocação de setores guerreiristas, que buscam com mesquinhez enfraquecer a esperança de paz.
Havana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 27 de janeiro de 2015.
Delegação de Paz das FARC-EP.