"A erradicação da pobreza é o maior problema que afronta o mundo (...) deve seguir sendo o objetivo central e condutor para o desenvolvimento de 2015", afirma o preâmbulo da Declaração.
Aprovada por chefes de Estado e Governo de mais de cem países congregados em Santa Cruz, a Declaração ratifica os princípios de unidade, complementariedade e solidariedade; a construção de uma nova ordem mundial por um sistema mais justo e democrático que benficie os povos e estudar o problema da desigualdade, situação que se agrava por padrões de consumo e produção insustentáveis nos países desenvolvidos.
A Declaração de Santa Cruz, de 242 pontos, estabelece que a excessiva orientação ao lucro não respeita a Mãe Terra e manifesta sua preocupação pela influência que exercem grande empresas na economia mundial, com efeitos negativos no desenvolvimento.
O documento impulsiona o paradigma do Viver Bem em harmonia com a natureza; reafirma o direito do povo sobre suas riquezas e incorpora na essência da comunidade internacional os mandamentos da cultura andina, "não roubar, não mentir, não fraquejar".
Reclama, também, a imediata eliminação de formas subsidiárias da agricultura e expressa o compromisso de conquistar a igualdade dos direitos das mulheres.
O G77 reconheceu a mastigação de folha de coca em seu estado natural como manifestação cultural ancestral de povos da região andina e pediu o respeito a tal prática pela comunidade internacional.
A declaração se manifestou para que os "fundos abutres" paralisem a reestruturação da divida externa dos países e condenou a espionagem.
A China, primeira economia do planeta, chamou em Santa Cruz à unidade do bloco, que representa 2/3 da Organização das Nações Unidas (ONU), para formar uma posição única e comum, insistindo nos objetivos da redução da pobreza e da realização do desenvolvimento.
Os 133 países do G77, juntos, acumulam um Produto Interno Bruto (PIB) total de 23 bilhões de dólares.
O G77 formulou pedidos para combater a exclusão, as práticas industriais desestabilizadoras do ecossistema, o sistema de comércio vigente e o monopólio imposto pelos ricos, assim como a adoção de novas formas culturais contrárias ao consumismo e desperdício capitalistas e uma nova ordem financeira internacional. Também a instauração de um mundo pluripolar que garanta a paz, a autodeterminação e o desenvolvimento sustentável baseado no respeito à Mãe Terra.
Em seus debates em plenário, o G77 + China exigiu a criação de uma nova ordem financeira e monetária internacional e condições comerciais justas, como o fim do monopólio imposto pelos países desenvolvidos.
O G77 mais a China exporta anualmente 6,7 bilhões de dólares e importa 6,5 bilhões.
O bloco aponta que, baseado na cooperação sul-sul, a comunidade internacional importe o paradigma do Viver Bem.
A Cúpula do G77 + China abriu a véspera com discursos para o estabelecimento de uma nova relação homem-natureza, a erradicação da miséria e uma sinergia entre ricos e pobres em prol de um acordo norte-sul para a geração de um novo paradigma global do Viver Bem.
O boliviano Evo Morales, presidente anfitrião da Cúpula do G77, que celebra 50 anos de vida institucional, invocou a necessidade de salvar a humanidade e a Mãe Terra, enquanto que Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, pediu uma sinergia entre o norte globalizado e o sul emergente para a instituição de um novo modo de vida.
A Cúpula do G77 + China busca na Bolívia projetar a agenda do desenvolvimento global a partir de 2015 e uma nova relação mais equilibrada com as potências industrializadas.