Às vésperas do aniversário de 50 anos do golpe militar no Brasil, milhares de argentinos realizaram atos nas ruas de Buenos Aires para lembrar os 38 anos do Golpe que colocou o sanguinário general Jorge Rafael Videla no poder daquele país.
A ditadura que durou sete anos, entre 1976 1983, deixou um saldo de 30 mil desaparecidos (este número pode chegar a 50 mil) e 500 bebes seqüestrados. Desaparecimento forçado, tortura, sequestros dos bebês dos inimigos políticos. Bebês que foram em grande parte adotados pelas famílias dos militares envolvidos no golpe.
Com o sequestro, o Terror “(…) começaram a bater na minha companheira com um cinto, puxavam seus cabelos e davam chutes nos pequenos Celia Lucía, de 13 anos, Juan Fabián, de oito anos, Verónica Daniela de três anos e Silvina de somente vinte dias. As crianças eram empurradas de um lado ao outro e perguntadas se iam amigos à casa. Depois de maltratar minha companheira, pegaram a neném de somente vinte dias; pegaram-na pelos pés, de cabeça para baixo, e começaram a bater nela, gritando à mãe: ‘se você não falar, vamos matá-la’. As crianças choravam e o terror era imenso.” Uma menina de cinco anos, obrigada a presenciar a tortura contra seu pai, se mataria com a arma do avô. Um garoto de 14 anos foi torturado na frente da mãe porque a “patota” acreditava que ela havia escondido a escritura da casa (leia mais).
Muitas crianças seqüestradas descobriram suas origens e estiveram na manifestação desta segunda-feira. Ao lado das Mães da Praça de Maio, que ganharam esse nome porque durante a ditadura se reuniam na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, palácio do governo argentino, para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos.
Os atos de repúdio ao golpe começaram com uma vigília na Escola de Mecânica da Marinha (Esma). O local serviu como a maior prisão clandestina da ditadura, em plena Buenos Aires, onde eram realizadas torturas e assassinatos.
No mesmo dia foram publicados livros com documentos secretos localizados em antigos prédios do governo.